Quatro mil anos antes de Cristo, os grupos humanos vagavam pela terra buscando superar a vida nômade insegura. Ao final deles, dois grupos que o conseguiram se estabeleceram, quase simultaneamente, às margens dos rios fecundos da Suméria e do Egito. A Mesopotâmia, “país entre rios”, tal qual seus instáveis Tigre e Eufrates, oferecedores de inundações devastadoras alternadas pela fertilidade da terra, foi ponto compartilhado de rotas comerciais e expedições guerreiras e berço do mapa mais antigo do mundo. Este, encontrado nas escavações das ruínas da cidade de Nuzi (Ga-Sur), a 300 quilômetros da Babilônia.
Como se apresentava? Uma placa de barro cozido, com inscrições em caracteres cuneiformes, cujo origem remonta provavelmente ao ano 2500 a. C.. Elaborado pelos sumerianos, povo responsável pela utilização do tijolo na arquitetura e pela divisão do tempo em horas, minutos e segundos, trata-se de relíquia cartográfica que perdurou até nós juntamente com outras formas em placas de barro cozido representando, de modo simples e sistemático, diferentes casas, lugares, populações, etc.
Destaque? A escultura do lendário Gudea, rei de Lagash, uma das cidades mais antigas da Mesopotâmia juntamente com a Suméria, Eridu, Ur, Larsa, Erech, Shuruppak e, provavelmente, Nipur, que, sentado, sustenta sobre os joelhos o plano de construção de um templo esculpido em uma tábua a ser ofertada a seu deus. Sua importância? O domínio sumeriano sobre uma correta técnica para medir ângulos e efetuar medições, além de mostrar domínio da noção de escala. Entretanto, deslocados do domínio do vale por povos assírios, teve interrompida sua dedicação à cultura social.
Dos assírios, cujos relatos e esculturas preservados os descreviam como guerreiros duros e implacáveis, presume-se que, sendo tão hábeis quanto os sumérios, possivelmente elaboraram representações terrestres que muito os auxiliaram nas batalhas empreendidas. Seguidores da tradição artística sumeriana, deixaram iconografias de fortificações e cidades atacadas que constituem verdadeiros planos terrestres.
Sobre estas, por ocasião de escavações das ruínas da Babilônia, efetuadas no século XIX pelo arqueólogo e arquiteto Robert Koldewey, foram encontrados mapas desenhados em pequenas tábuas de barro cozido, similares aos confeccionados pelos sumérios. O que retratavam? Uma representação esquemática do universo tal qual era imaginado na época: com a Babilônia em posição central e três faixas perpendiculares representando os mares que separam os diversos países. Nas análises do historiador Bagrow, há semelhanças entre essa idéia dos babilônios acerca da forma discóide da terra com a idéia demonstrada sobre o mesmo pelos esquimós. E, historicamente, tal concepção geográfica será aceita pelos gregos e romanos, bem como pelos israelistas, “transcendendo, através das Escrituras Sagradas, o pensamento cristão da Idade Média.