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Cartografia e Literatura: Mercator, Ortélio e Oroncé Fine

No século XVI, a despeito de italianos e alemães se esfor­çarem para imprimir os mais importantes mapas de então, era praticamente impossível dispor de um material que reunisse, de modo ordenado e exato, todo o conhecimento cartográfico conhecido, capaz de atender desde um estudioso até um na­vegante, passando por políticos, aventureiros e interessados em geral. A quem viria a caber tal feito? Aos dois mais im­portantes cartógrafos flamengos do século: Gerardo Mercator e Abraham Ortélio, pioneiros da cartografia moderna e dos primeiros mapas como os conhecemos hoje.

Mercator (1515-1594), discípulo do célebre cosmógrafo e matemático Gemma Frisius, desde cedo destacou-se pela elevada inteligência prática e capacidade crítica, habilidades, estas, que muito o auxiliaram a idealizar um sistema de pro­jeção e representação em linha reta, solucionando os proble­mas que as cartas planas apresentavam aos navegantes. Por adição, vivendo durante o império de Carlos V, pôde trocar informações com portugueses e espanhóis experenciados em navegação de longo curso. Suas mais importantes realiza­ções? O globo construído em 1541, bem como, o mapa da Terra de 1554 e o mapa-múndi de 1569. A Projeção de Mer­cator é, atualmente, uma das projeções mais utilizadas na área.

Por sua vez, Abraham Ortélio (1527-1598), reunindo os mapas desenhados pelos mais experientes cartógrafos da época, organizou o atlas “Theatrum Orbis Terrarum” que al­cançou, até sua morte, 25 edições em diversas línguas (latim, francês, alemão, espanhol, italiano, flamengo e inglês).

Em conjunto, os trabalhos de Mercator e Ortélio abriram as portas ao desenvolvimento da cartografia nos Países Bai­xos, deslocando o centro do desenvolvimento cartográfico da Antuérpia para Amsterdã, local de onde partiram as célebres esquadras da Companhia Holandesa das Índias.

No final do século XVI e na primeira década do século XVIII, coube à França, com suas descobertas científicas, dar início à cartografia técnica como a conhecemos hoje. A grande figura cartográfica francesa de então foi Oroncé Fine (1494-1555), perito em cartografia e consciente escritor, que tentou reconciliar as descobertas no Novo Mundo com anti­gas lendas medievais e informações deixadas por Ptolomeu sobre o Oriente. Seu tratado “Le Sphère du Monde” (1531) reúne todo o conhecimento geográfico, topográfico e técnico conhecido na época. Em 1531, seu mapa-múndi, em formato de coração, consagrou sua fama à paixão que ele nutria pelo assunto.

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