A cultura germânica dos séculos XVI e XVII, interessada em dar continuidade ao trabalho dos geógrafos da baixa Idade Média, contou com um seleto grupo de cartógrafos: Nicolau de Cusa, Reisch, Regiomontanus, Münster, entre outros. Nesta época, às capitais culturais Nuremberg (alemã, ao norte da Bavária), Sta. Dié (nordeste da França), Viena (capital da Áustria) e Basiléia (Suíça) estavam voltados os olhos do mundo.
Etzlaub (1462-1522), célebre por fabricar instrumentos astronômicos e de navegação, foi o responsável pela criação de mapas regionais nos quais antecipou o esquema de latitudes crescentes, próprias das projeções de Mercator. Em sua equipe, Etzlaub contou ninguém menos que Waldseemüller (1470-1518), cartógrafo, editor das obras de Ptolomeu e difusor das novas concepções de mundo advindas da Península Ibérica.
Na confecção dos mapas germânicos, sendo comum a reutilização das obras originais de seus colegas, coube a Pedro Apiano (1495-1552), professor e cientista das mais renomadas universidades alemãs, divulgar o mapa-múndi de Waldseemüller e Frísio. Um dos primeiros cosmógrafos a propor observar os movimentos da Lua para determinar medidas de comprimento, seu Cosmographicus Liber (1542) introduziu leigos à ciência da época através da descrição do movimento planetário e de informações da geografia terrestre e de técnicas de navegação celeste com instrumentos matemáticos, contando o tempo e medindo distâncias. Com várias ilustrações de xilogravura, foi uma obra extremamente popular até o final do século XVI, com mais de 60 edições em diversas línguas.
Segundo especialistas, a cartografia germânica alcançou grande destaque graças à localização de suas cidades e vilas, bem como, às representações detalhadas do terreno, ambos voltados à explicação de sua história. Nessa mesma época, coube ao cartógrafo alemão Sebastian Münster (1489 – 1552) solicitar a príncipes, burgomestres, geógrafos e intelectuais o envio de croquis descritivos de suas províncias, os quais, em conjunto, deram origem à obra Cosmographia Generalis, um dos primeiros atlas do mundo a incluir textos explicativos de geografia na Europa do século XVI, muito utilizado por Mercator e Ortélio.
Vinculado à escola de Viena, coube ao médico Wolfgang Lazius (1514-1565) a elaboração do atlas Typi Chorographical Austriae, considerado o mais antigo atlas da Áustria. Da Basiléia destacaram-se Henricus Glareanus (1488-1563), cartógrafo, filósofo e homem das letras, que se dedicou à descrição geográfica e cultural da Helvécia (atual Suíça) e Egidio Tschudi (1505-1572), historiador, cartógrafo e político suíço, conhecido por sua obra histórica Chronicon Helveticum, caracterizada pela precisão humanística e espírito épico. Já de Zurique, J. Stumpf (1500-1577/8), teólogo, cartógrafo, historiador e cronista, com sua crônica topográfica e histórica ricamente ilustrada sobre a Confederação Suíça (aliança voltada à proteção da paz interna da terra e contra ataques bélicos) e Joost Murer (1530-1580), famoso por representar uma vista panorâmica de Zurique, impressa em 1576, conhecida como Murerplan, com símbolos e formas graficamente diferenciados.