Um carteiro de 46 anos e 20 de profissão disse nesta sexta-feira, 16 de fevereiro, em entrevista na sede do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios na Região de Ribeirão Preto (Sintect), ter sido vítima de ofensas verbais e agressão. Ele também afirma que vários colegas passaram pelo mesmo problema.
Segundo o profissional, moradores da rua Abílio Sampaio, na Vila Virgínia, Zona Oeste da cidade, começaram a xingá-lo quando entregava as correspondências na região. Depois, algumas pessoas tentaram agredi-lo fisicamente por causa do atraso nas correspondências – faturas de empresa de TV por assinatura, operadoras de celular e boletos bancários estão sendo entregues depois da data de vencimento. Ele diz que a categoria está com medo.
O sindicato culpa a estrutura da Central de Distribuição dos Correios de Indaiatuba. Diz que correspondências e encomendas de toda ordem, enviadas a Ribeirão Preto após processamento na cidade da região de Campinas, estão chegando ao município com atraso. O problema acontece porque, em 2016, sob alegação de reestruturação, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) propôs um Plano de Demissão Voluntária (PDV) com a promessa de equipar com máquinas as centralizadoras do país.
“A promessa deles era ‘maquinizar’ o sistema, sem prejuízo aos clientes dos Correios. Dessa forma, trabalhadores aceitaram o PDV, dada a precariedade da estrutura atual dos Correios. Mas, infelizmente, funcionários saíram e a empresa não colocou as máquinas para funcionar. Ou seja, com menos funcionários, cartas e mercadorias já chegam em Ribeirão Preto com atraso. O detalhe é que, antigamente, ao contrário do que os Correios pregam, o número de correspondências era menor, pois hoje há faturas, por exemplo, de compras pela internet, cartões de crédito etc.”, afirma a diretora do Sintect, Fernanda Romano.
Mesmo assim os carteiros são obrigados a entregarem correspondências que, não raro, já chegam nas casas das pessoas com atraso. Muitos deles já foram alvos da ira da população, que não conhece os problemas de perto. “A população não sabe que o carteiro não tem culpa. Os moradores acham que os funcionários são os culpados e às vezes os agridem. Um trabalhador na Vila Virgínia foi ofendido, fato que causou um processo administrativo contra o profissional”, emenda.
Hoje o funcionário que prefere não se identificar teme o futuro, já que ele sabe que em meio às milhares de faturas que chegam nas pequenas centrais dos Correios nos bairros, muitas já estão atrasadas em função dos problemas de Indaiatuba.
Por meio de nota oficial, a empresa garante que “a entrega de correspondências em Ribeirão Preto já se encontra regularizada. Os atrasos ocorreram devido à sobrecarga de objetos postais no centralizador dos Correios, onde a carga postal é tratada antes de ser encaminhada para as unidades de distribuição da cidade. No centralizador, os Correios estão realizando ações como a utilização de trabalhadores temporários, apoio de empregados de outras unidades, mutirões e serviço extraordinário.”
Diz ainda que Ribeirão Preto conta atualmente com 17 unidades dos Correios (entre agências, centros de distribuição e de tratamento e unidades administrativas) e 575 empregados – cerca de 400 carteiros. A ECT informa que diariamente são entregues aproximadamente 150 mil correspondências no município. Os números do Sintect são distintos. Além de informar que a empresa tem dois mil funcionários em 92 cidades da região – 1.500 carteiros –, diz que são distribuídas em Ribeirão Preto 250 mil correspondências por dia, mais de 40 mil por cada uma das seis centrais.