Por: Adalberto Luque
A Justiça acolheu o pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e determinou a alienação antecipada de 19 veículos apreendidos na Operação Car Wash, deflagrada em 30 de novembro de 2023. Desta forma, com a autorização do Juízo da 5ª Vara Criminal da Comarca de Ribeirão Preto, os carros serão leiloados antecipadamente para preservar seus valores de mercado, evitando deterioração e depreciação que poderiam ocorrer caso fosse necessário aguardar a conclusão do processo penal. A informação foi divulgada pelo MP nesta quinta-feira (15).
Carros de marcas de luxo, como Porsche, BMW e Jaguar, usados pelos investigados por um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, poderão ser arrematados. De acordo com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), o leilão ocorrerá até o dia 26 de agosto, exclusivamente na forma eletrônica, acessível pelo link www.sodresantoro.com.br/leilao/25956/
O Ministério Público de São Paulo alerta sobre fraudes em sites de leilão falsos. É essencial que os interessados verifiquem a nomeação do leiloeiro no processo judicial correspondente, bem como sua inscrição regular na Junta Comercial, e consultem o edital no site do Tribunal de Justiça de São Paulo. Recomenda-se sempre entrar em contato com o órgão responsável pelo leilão para confirmar as informações antes de fazer um lance online. É importante não realizar pagamentos sem antes visitar pessoalmente o bem desejado. Mais esclarecimentos podem ser encontrados em www.tjsp.jus.br/Leiloes.
Car Wash
A operação Car Wash deflagrada no dia 30 de novembro do ano passado, foi realizada em conjunto pela Polícia Federal e Gaeco, com apoio do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP). O alvo era uma organização criminosa que lavava dinheiro para o narcotráfico.
O grupo mantinha uma complexa estrutura de comercialização clandestina de produtos químicos para processar psicotrópicos, em especial o estimulante cafeína e os analgésicos fenacetina, lidocaína e tetracaína, que eram destinados a potencializar os efeitos e conferir maior rendimento à cocaína. Parte dos recursos utilizados para compra dos químicos controlados e entorpecentes provinha da negociação de veículos de luxo e esportivos de alto valor, que eram repostos com o dinheiro obtido através do narcotráfico.
PF explicou que a organização criminosa se dividia em três grupos, cada qual com funções distintas. Eles agiam a partir dos grupos de investidores, de fornecedores e dos traficantes. Contavam com uma rede de pessoas, os chamados laranjas, para movimentar recursos por intermédio de suas contas bancárias.
Além de utilizar laranjas, contavam também com empresas de fachada, como uma de suplementos esportivos com autorização para adquirir cafeína, produto posteriormente desviado para a organização criminosa. O financiamento também era obtido com a compra e venda de veículos de luxo.
Os agentes foram às ruas de Ribeirão Preto, Rifaina e São João da Boa Vista, todos no estado de São Paulo, para cumprir 15 mandados de prisão temporária e 21 mandados de busca e apreensão contra 18 pessoas investigadas por integrarem o grupo.
Ao final, 16 pessoas foram presas nas três cidades alvos da operação. Os presos foram todos trazidos para a Delegacia da PF em Ribeirão Preto.
No dia 20 de janeiro deste ano, em nova fase da operação, mais duas pessoas foram presas, uma em um condomínio de luxo em Ribeirão Preto e outra em São João da Boa Vista. Nesta ação, os agentes apreenderam armas, dinheiro, documentos e carros de luxo avaliados em R$ 7 milhões. Em São João da Boa Vista, foram apreendias 6,2 toneladas de cafeína. As investigações prosseguem e o processo tramita na Justiça.