Desculpem-me os leitores por começar com um título diferente. É que andei recordando a vida de ginasiano antigo e me lembrei de quanto sofríamos no estudo da chamada língua morta, o Latim. A professora era rigorosa e só ouso abordar o assunto porque Marta, minha esposa, sabe decor até hoje o texto inicial do “De bellogallico” (“Gallia est omnisdivisa in partes tres, quarum unam incoluntBelgae…”, ou “A Gália toda está dividida em três partes das quais os Belgas habitam uma…”), obra clássica com a descrição das conquistas militares romanas na Gália, escrito pelo primeiro imperador romano Caio Július César (100 aC – 44 aC). O livro escolar adotado (José Cretella Jr.) era todo anotado a lápis, pois tínhamos que saber as declinações e tantas outras particularidades gramaticais.
Cito a passagem escolar motivado pela lembrança de uma frase do poeta romano Horácio que ficou famosa, a expressão latina “Carpe diem”. Significa “aproveite o dia”, ou seja, “viva o presente, dê sentido à vida”. Foi inserida no excelente filme (1990) “A Sociedade dos Poetas Mortos” pelo professor John Keating (Robin Williams) e usada para incentivar os seus alunos a aproveitarem a vida e buscarem a felicidade. Dizia: “Carpe diem. Aproveitem o dia, meninos.
Façam suas vidas extraordinárias.” É uma belíssima inspiração para a atualidade que vivemos.
Outros autores, mesmo sem usar a expressão, defenderam o “Carpe diem” ao longo das suas obras e inspiram aproveitar melhor cada hora, cada dia. Albert Camus, autor francês nascido na Argélia e Prêmio Nobel da Literatura, afirmou “A verdadeira generosidade para com o futuro consiste em dar tudo ao presente.” Referiu-se ao nosso trabalho individual, incansável, de efeito benéfico e amplo,doado a si e disponível a todos os semelhantes contemporâneos.
A época natalina que vivemos favorece o “Carpe diem” bem aplicado no sentido amplo, menos egoístico, mais humanizado. Ultrapassa o conceito comum e dá sentido à vida. Será que entendi a lição em latim?
Quanta esperança tinha a professora, lá em Leme -SP, diante deste seu aluno simples e ignorante…