A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou novembro com alta de 0,51%, ante um aumento de 0,10% em outubro, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira, 6 de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o maior resultado para o mês desde 2015, quando a taxa tinha avançado 1,01%.
Em novembro de 2018, o IPCA havia ficado negativo em 0,21%. Com o resultado, a taxa acumulada em doze meses acelerou de 2,54% em outubro para 3,27% em novembro, permanecendo consideravelmente abaixo da meta de 4,25% perseguida pelo Banco Central (BC) este ano. Já a taxa acumulada pela inflação no ano foi de 3,12%.
O salto de 8,09% no preço das carnes pressionou a inflação ao consumidor em novembro, com uma contribuição de 0,22 ponto percentual para a taxa de 0,51% registrada pelo IPCA, item de maior pressão no mês. A alta nas carnes no mês passado foi a mais acentuada desde novembro de 2010, quando o produto subiu 10,67%.
“A gente tem demanda grande da China pela carne, que restringe a oferta no mercado. A situação no momento é uma demanda alta da China pela carne brasileira. Foi principalmente carne bovina. As outras também foram influenciadas, porco e frango, mas o grande destaque foi a carne bovina”, frisa Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.
A carne de porco subiu 3,35% em novembro, enquanto o frango inteiro aumentou 0,28% e o frango em pedaços subiu 0,34%. O grupo alimentação e bebidas saiu de um avanço de 0,05% em outubro para elevação de 0,72% em novembro. A contribuição do grupo para a inflação passou de 0,01 ponto percentual para 0,18 ponto no período.
“Sem as carnes, (o grupo) alimentação e bebidas teriam registrado uma queda de 0,18%. Realmente o que pesou mesmo foram as carnes. Tomate, batata e cebola caíram cada um mais de 10%. Então realmente foram as carnes”, ressalta Kislanov. Sem a pressão das carnes, o IPCA teria sido de 0,30% em novembro, calcula.
Devido ao encarecimento das carnes, os alimentos para consumo no domicílio interromperam uma sequência de seis meses consecutivos de quedas de preços, com um avanço de 1,01% em novembro. Por outro lado, as famílias pagaram menos pela batata-inglesa (-14,27%) e pelo tomate (-12,71%), ajudando a conter o IPCA em -0,03 ponto percentual cada um.
A cebola também teve recuo acentuado, de 12,48%. Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,21% em novembro, após uma alta de 0,19% em outubro. No último mês, o item lanche aumentou 0,56%, uma contribuição de 0,01 ponto percentual para o IPCA do mês.
Energia elétrica
A tarifa de energia elétrica subiu 2,15% em novembro, após um recuo de 3,22% em outubro, dentro da inflação medida pelo IPCA. A conta de luz contribuiu com 0,09 ponto percentual para o IPCA de novembro. Como resultado, o grupo habitação saiu de uma queda de 0,61% em outubro para um avanço de 0,71% em novembro.
O movimento foi puxado pela mudança de bandeira tarifária. Em outubro, estava em vigor a bandeira amarela, com acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. Em novembro, passou a vigorar a bandeira vermelha patamar 1, com valor reajustado de R$ 4 para R$ 4,169 a cada 100 kWh. Apesar da pressão em novembro, a conta de luz deve dar uma trégua ao orçamento das famílias em dezembro porque voltou a incidir sobre as contas de energia elétrica a bandeira tarifária amarela, com uma cobrança extra menor, de R$ 1,34 a cada 100 kWh consumidos.
Ainda em habitação, o gás de botijão aumentou 0,87%, em decorrência do reajuste de 4% no preço do vasilhame de 13 quilos autorizado pela Petrobras nas refinarias, a partir do dia 27 de novembro. Os jogos de loteria – Mega-Sena, Quina, Lotofácil, Lotomania, Dupla Sena e outros – subiram 24,35% em novembro, segundo maior impacto no IPCA, 0,13 ponto percentual.
Inflação da baixa renda
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que calcula a variação de cesta de compras de famílias com renda até cinco salários mínimos (R$ 4,99 mil), ficou em 0,54% em novembro deste ano. A taxa é superior ao registrado em outubro (0,04%) e o maior resultado para um mês de novembro desde 2015.
Acumula inflação de 3,22% no ano e de 3,37% em doze meses. No acumulado de doze meses, o INPC também ficou acima do IPCA, que registra 3,27% no período. Em novembro, os produtos alimentícios tiveram alta de preços de 0,78%, de acordo com o índice, enquanto os não alimentícios anotaram inflação de 0,44%.