Com a chegada do Carnaval, grande parte da população brasileira vai às ruas curtir as comemorações desta festa cultural. De acordo com especialistas, é nesse período que os jovens tendem a ter mais relações sexuais sem proteção. Por conta disso, a preocupação com as doenças sexualmente transmissíveis aumenta.
De acordo com o biomédico Jorge Luiz Naliati Nunes existem alguns fatores que auxiliam a transmissão das doenças nesta época do ano. “O apelo sexual por meio da exposição dos corpos, da música contagiante e a liberdade exagerada, associada ao uso de bebidas alcoólicas, levam as pessoas a se tornarem mais receptivas aos contatos íntimos sem proteção”, afirmou.
Entre as doenças sexualmente transmissíveis está a Sífilis que, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto, em 2018, foram registrados 1.278 casos na cidade, cerca de 3,5 casos por dia. Entre as regiões que mais contaram com pessoas com a doença está a Oeste, seguida da Leste, Norte, Central e Sul.
O fato de a doença atingir majoritariamente os jovens com idades entre 20 e 29 anos também alarma os cientistas. Em Ribeirão, por exemplo, 27,5% dos casos confirmados foram nesta faixa etária.
Por se tratar de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), a única forma de prevenção é usando preservativo durante as relações e reduzir o número de parceiros. Vale ressaltar ainda que a doença pode ser transmitida ao bebê durante a gestação ou parto. Por isso, gestantes com a infecção devem realizar o pré-natal para evitar a sífilis congênita (passada de mãe para filho).
Os sintomas da infecção variam de acordo com o estágio da doença. Mas os principais são febre, mal-estar, além de aparecimento de feridas, manchas e ínguas no corpo.
Pensando nisso, o Ministério da Saúde já realizou o envio de preservativos aos estados, que estarão abastecidos até o Carnaval para garantir proteção aos foliões. Ao todo, serão distribuídos 128,6 milhões de camisinhas para garantir a proteção de quem participa de festa. São 125,1 milhões de camisinhas masculinas e 3,4 milhões femininas, além de 8,9 milhões de unidades de gel lubrificante.
De acordo com o diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Gerson Pereira, é necessário cada vez mais estimular o uso de preservativo durante o Carnaval, para prevenir a transmissão das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e do HIV. Em Ribeirão Preto serão 141 mil preservativos distribuídos em 40 pontos diferentes.
“Precisamos cada vez mais estimular o uso do preservativo, uma vez que muitas dessas infecções possuem fase assintomática e a pessoa nem sabe que tem e, quando apresenta sintomas, como lesões na região genital, elas podem facilitar a infecção pelo HIV”, ressaltou.
Segundo informações do Ministério da Saúde, as infecções transmitidas por relação sexual são causadas por mais de 30 vírus e bactérias através do contato, sem o uso de camisinha, com uma pessoa que esteja infectada. Desta forma, abrir mão do uso do preservativo nas relações expõe a pessoa e os parceiros com as quais ela se relaciona. Por isso, o Ministério da Saúde reforça constantemente a necessidade de proteção, incentivando o uso de camisinha, principalmente durante o Carnaval.
Tratamento para Sífilis
De acordo com Jorge Luiz Naliati Nunes, o tratamento da Sífilis é realizado com injeções de penicilina com dose e tempo orientados pelo médico. No entanto, ele ressalta a importância da proteção durante a relação como medida de prevenção da doença. “Devemos lembrar que o mais importante é a prevenção e não o tratamento”, finaliza.