Edwaldo Arantes *
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A família Pimenta Rezende faz parte da história Paraisense, o tio Luizinho, como era carinhosamente chamado, já residia em São Sebastião do Paraíso, de uma tradicional família mineira de cafeicultores.
Lavínia Panucci, que viria a ser sua esposa, residia em uma propriedade rural em Paraguaçu Paulista.
Seu pai, Carmo Panucci, foi convidado para trabalhar na Fazenda Santa Sofia em Presidente Venceslau (SP).
Diante disso, seria necessário abandonar os estudos seguindo com a família.
Sua vocação e sonho era ser professora, triste, desabafou com suas amigas da família Perrone Naves.
A matriarca, Tereza Perrone Naves, imediatamente a acolheu com um dito marcante e solidário:
– Lavínia! Onde residem sete, um a mais, principalmente você, será maravilhoso, uma benção recebê-la.
Agindo assim, salvou a situação da Tia Lavínia, contribuindo para os estudos, e ela, fazendo parte da família, residentes na Rua Placidino Brigagão, Centro, São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais.
Morando na casa da minha avó, conheceu Luiz Rezende Pimenta, em uma cena romântica e inusitada.
Encontrava-se ele em um fotógrafo, aguardando sua vez, quando ela chegou, imediatamente seus olhos brilharam, naquela época a “corte” era extremamente difícil e demorada.
Como estava lendo um jornal, fez um pequeno orifício, para poder ficar olhando a donzela, apaixonando-se imediatamente.
Começaram a namorar, depois de longos flertes, árduos e discretos colóquios, casaram-se, residindo em um belo solar na Praça Comendador José Honório, à época pertencente ao casal, Georgina Pimenta Rezende e o Coronel Luiz Oliveira Rezende.
O tradicional palacete até hoje está lá, restaurado, intacto e suntuoso, tal qual a época que fora erguido.
Do matrimônio nasceram duas filhas, Carmen Luiza Rezende e Regina Zélia Rezende.
Em 1953, o casal resolveu em uma inédita aventura, partir de navio rumo à Suíça, para assistirem a Copa do Mundo de 1954.
Retornando ao Brasil, venderam a propriedade, mudando-se em 1956 para Ribeirão Preto, em um clima de festa com a comemoração do Centenário.
Aqui, inicia-se a trajetória deste ícone da cultura, carinhosamente chamada de Carminha.
Iniciou os estudos nos Colégios Auxiliadora e Santa Úrsula, internato em Franca, Colégio Jesus Maria José, formou-se Professora, Técnica em Decoração, pelas Faculdades Barão de Mauá, Piano e Ballet, junto ao Conservatório Carlos Gomes.
Aos 60 anos, bacharel em Turismo pelas Faculdades Bandeirantes.
Na primeira experiência na cidade, ao avistar o Edifício Antônio Diederichsen, abismada e assustada desabafou:
– “Nossa! Como pode! Aqui moram em casas construídas umas em cima das outras”, mal sabia ela que seria a sua nova residência, o “Grande Hotel”, onde residiu por dezenove anos.
Casou-se com o atleta, Élcio Araújo, que atuava como goleiro no Barretos Esporte Clube, Botafogo Futebol Clube de Ribeirão Preto e Campeão Carioca pelo Clube de Regatas Vasco da Gama.
Nasceu então, o filho único, brilhante e talentoso jornalista, André Luís Rezende.
Carminha atuou em diversos projetos na Secretaria Municipal da Cultura, colaborando com talento, competência e sensibilidade para os nossos destinos culturais, em seus trinta e seis anos de atividades.
Organizou e fundou a Feira dos Artesãos, envolveu-se inteiramente com o Carnaval, atuou com destaque na Feira Nacional do Livro, Folia de Reis, Caminhada do Calvário, Dança Ribeirão, Festival Tanabata, Festa Italiana e uma série de projetos.
Teve destacada e ativa participação, contribuindo para os rumos e a formação de momentos marcados pela inclusão, projeção e realização, acendendo as luzes, transformando Ribeirão Preto, em palco como: “Capital da Cultura”.
Permaneci vinte e poucos anos na Prefeitura Municipal, boa parte na mesma trincheira ao seu lado. Espero que estes projetos tenham perpetuados, fundamentais na criação da nossa identidade cultural e na consciência de se aprender com o imaginário
Desejo que muitas “Carminhas” tenham brotado nestes imensos jardins, nos mistérios e enigmas das artes.
* Agente cultural