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Caos eleitoral e baixo nível: Como fazer a melhor escolha?  

André Luiz da Silva * 
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Estamos a uma semana das eleições municipais e 214 cidades brasileiras têm apenas um candidato a prefeito o que pode indicar uma crise democrática ou que os atuais mandatários são tão bons que ninguém se coloca na condição de vencê-los. Outras como Ribeirão Preto vivem campanhas xoxas onde um candidato dispara na frente e os demais tentam ganhar fôlego para ao menos garantir um segundo turno. Então a atração passa a ser as cidades onde as disputas estão mais acirradas. Nas rodas de conversa, por exemplo, se trata mais da campanha da capital paulistana do que da própria localidade. 
 
Após a ampla divulgação de ofensas, mentiras, agressões verbais, cadeirada e soco, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Carmen Lúcia resolveu se manifestar  “Por despreparo, descaso ou tática ilegítima e desqualificada de campanha atenta-se contra cidadãs e cidadãos, atacam-se pessoas e instituições e, na mais subalterna e incivil descompostura, impõe-se às pessoas honradas do país, que querem entender as propostas que os candidatos têm para a sua cidade sejam elas obrigadas a assistir cenas abjetas e criminosas, que rebaixam a política a cenas de pugilato, desrazão e notícias de crimes”. Ela afirmou ter oficiado à Polícia Federal, Ministério Público e Tribunais Regionais cobrando celeridade nas apurações e punições dos crimes eleitorais.  
 
Ainda que tardiamente, a ministra tem razão em suas considerações. Poucas vezes encontramos tantos candidatos despreparados e desqualificados que escarnecem do eleitorado. Criticas às instituições e aos adversários são subterfúgios utilizados por que não tem propostas sérias ou exequíveis para os graves problemas que afligem os municípios brasileiros. 
 
A justiça eleitoral, através do site do TSE apresenta seis dicas para o eleitor definir seu voto: pesquisar os históricos profissional e político dos candidatos; selecionar fontes de informação confiáveis; verificar se existe afinidades entre a proposta e o seu pensamento; entender as atribuições de cada cargo; acompanhar a arrecadação e os gastos de campanha das candidaturas e ficar atento às propagandas eleitorais.  
 
Ocorre que esse exercício está sendo dificultado, justamente pela péssima qualidade da campanha. Na era das redes sociais o que mais encontramos são fontes não confiáveis, discursos e propostas que não coadunam com a vida e atitudes dos candidatos. O desvirtuamento das atribuições dos prefeitos e, principalmente dos vereadores é notável. 
 
Um exemplo da distorção da política foi o encontrado pelo levantamento da BBC News Brasil mostrando que ao menos 2,8 mil políticos que disputam cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador nesta eleição já foram autuados por infrações ambientais. Se você é um defensor do meio ambiente, terá coragem de votar em um deles? Se já foram capazes de degradar a natureza antes, o que esperar dos mesmos quando estiverem no poder? 
 
Faltando poucos dias, é importante dedicar parte do tempo às análises e reflexões que poderão propiciar uma escolha mais qualificada. Embora, em número menor, circulando pelas ruas, ainda, encontramos o eleitor raiz, aquele que gosta de olhar nos olhos, apertar a mão e ouvir a fala do candidato para sentir se realmente existe sinceridade no que é dito. Da mesma forma encontramos os candidatos tradicionais que literalmente gastam sola de sapato rodando a cidade na busca do precioso voto. 
 
Uma pergunta povoa a cabeça do eleitorado: se a qualidade do período eleitoral é sofrível, o que esperar das administrações municipais ou das casas legislativas no próximo mandato? Embora a tendência seja de piora, não podemos desistir de acreditar que existem excelentes opções de mulheres e homens capazes de realizar as mudanças possíveis. A transformação também depende de cada um de nós. 
 
* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista 

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