A prefeitura de Ribeirão Preto cancelou a reunião que estava marcada para as nove horas desta sexta-feira, 23 de março, como representantes do Sindicato dos Servidores Municipais (SSM/RP) para discussão da pauta de reivindicações da categoria, que lançou a campanha salarial deste ano no dia 1º.
A Comissão de Política Salarial encaminhou ofício na tarde desta quinta-feira (22) ao presidente do sindicato, Laerte Carlos Augusto, comunicando sobre o cancelamento. A primeira reunião de negociação seria na sede da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano (Transerp), na rua General Câmara nº 2.910, no Jardim Presidente Dutra.
No entanto, à noite, Laerte Carlos Augusto disse ao Tribuna que a acredita na realização da reunião. No ofício, a Comissão de Política Salarial argumenta que o sindicato não entregou a documentação solicitada pela prefeitura, por isso o cancelamento – diz que sem os documentos não teve condições de analisar os itens da pauta de reivindicações e, portanto, a reunião será inócua.
Entre os documentos pedidos pela Comissão de Política Salarial estão a relação de quatro representantes do SSM para a negociação do reajuste salarial e de mais nove para a discussão das demais reivindicações, além da apresentação de um estudo técnico sobre as questões econômicas que vão gerar impacto financeiro e orçamentário, incluindo os índices utilizados para a definição dos percentuais requisitados.
No ofício, a administração diz que se a documentação for entregue nesta sexta-feira, a primeira reunião de negociação será realizada na próxima segunda-feira, dia 26, a partir das 15 horas, na sede da Transerp. No início da noite dessa quinta-feira, Laerte Carlos Augusto disse que a reunião pode ocorrer ainda hoje.
“Falei com o secretário de Governo e da Casa Civil, Nicanor Lopes, no final da tarde, expliquei que a nossa comissão de negociação já estava convocada e que todos estarão na sede do sindicato às oito horas. Fiquei de telefonar de novo no início da manhã, já que temos condições de apresentar na hora o que eles estão pedindo”, explica o presidente do SSM.
“A pauta de reivindicações foi entregue no dia 1º, eles tiveram muito tempo para analisar o que pedimos”, argumenta o presidente do sindicato. A data-base da categoria é 1º de maio, mas tradicionalmente a negociação com o governo começa com dois meses de antecedência.
O principal tópico da lista é o pedido de reajuste de 10,8%, mas a categoria também defende a volta do pagamento no último dia útil do mês trabalho, e não no quinto do subsequente, como acontece desde que Duarte Nogueira Júnior (PSDB) assumiu o governo em meio a uma das principais crises financeiras da história da cidade – e no epicentro do maior escândalo político de Ribeirão Preto.
O sindicato diz que a pauta – aprovada em assembleia geral em 26 de fevereiro – tem 21 itens gerais e mais 140 específicos de cada secretaria, autarquia, Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM) e Serviço de Assistência à Saúde dos Municipíários (Sassom), totalizando 161 reivindicações.
No entanto, a prefeitura garante que, além da questão financeira, a lista traz mais 180 tópicos. A parte econômica requer reajuste salarial de 10,8% e o mesmo índice de reposição sobre o valor atual do vale-alimentação e da cesta básica nutricional dos aposentados.
O pedido dos trabalhadores faz referencia à correção da inflação nos últimos doze meses, de 2,93% medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – indexador oficial –, mais aumento de 7,87% referente ao crescimento orçamentário na arrecadação.
A campanha salarial de 2018 tem como símbolo a figura de um jacaré. O mote é “Olha que eu viro bicho!”. No ano passado, após a mais longa greve da categoria, que durou 21 dias e terminou em meados de abril, os servidores aceitaram reajuste salarial de 4,69% em duas parcelas – a primeira ficou fixada em 2,35% no mês de março e 2,34% para setembro. Também receberam uma reposição de 4,69% em parcela única retroativa a março no vale-alimentação e na cesta básica nutricional dos aposentados. Nenhum dia foi descontado dos grevistas.
A pauta do ano passado tinha 149 itens. O principal era o pedido de reajuste de 13%. Em 2016, em plena crise financeira da prefeitura, o funcionalismo conseguiu aumento de 10,67%. O mesmo índice foi oferecido para o vale-alimentação e também para o auxílio nutricional dos aposentados e pensionistas.