Em comemoração aos dez anos da campanha nacional “Todos contra a Hanseníase”, a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) está promovendo uma série de ações pelo país. No dia 29 de janeiro, mês dedicado à conscientização sobre a doença, o violinista Paulo Paschoal, músico da OSESP há 30 anos, se apresenta no Ambulatório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Campus (HCFMRP-USP), às 9h30.
Paulo conheceu a campanha e se voluntariou para contribuir com a ação. “O assunto é sério, porém muitas pessoas desconhecem, então compreendi que é preciso dialogar com vários públicos e a música pode ser um canal poderoso de comunicação, além disso, certamente contribui para que as pessoas assimilem com mais envolvimento as informações de que a sociedade precisa”, disse.
O show integra as ações educativas do HCFMRP- USP. Haverá distribuição da cartilha “Todos contra a Hanseníase” com a presença do mascote da campanha, o boneco conhecido como Profi. “O tema hanseníase ainda é alvo de muito preconceito, então tornamos nossa campanha lúdica para que possa dialogar mais humanamente com a sociedade porque tão importante quando alertar sobre sinais e sintomas da doença é combater o preconceito”, diz Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da SBH.
O Brasil é o 2° no ranking mundial em número de casos de hanseníase – o 1° é a Índia. Mais de 90% dos casos diagnosticados nas Américas estão no Brasil. Mesmo assim, a SBH vem alertando autoridades brasileiras e estrangeiras para os milhares de doentes de hanseníase ainda não identificados no país. São pessoas sem tratamento e transmitindo a doença a seus contatos, muitas delas sendo tratadas por outras enfermidades, como artrite, artrose, fibromialgia só para citar alguns exemplos, além de um percentual alto de diagnósticos tardios – quando o paciente já apresenta sequelas irreversíveis.
Tratamento e pesquisa em Ribeirão Preto
Ribeirão Preto é referência no atendimento à hanseníase e em pesquisas. O Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária-Hansen do HCRP recebe pacientes de várias regiões oferecendo atendimento avançado.
Na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, pesquisadores desenvolveram ferramentas que estão revolucionando o rastreio de casos de hanseníase no país – estratégia importante para controlar a endemia oculta e quebrar a cadeia de transmissão do bacilo de Hansen. Uma delas é o Questionário de Suspeição de Hanseníase (QSH), premiado pelo Ministério da Saúde, disponível na internet e adotado pelo SUS. São 14 perguntas com opções de resposta para “sim” ou “não” em linguagem acessível inclusive para autoavaliação da população. O questionário está disponível no site do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária com Ênfase em Hanseníase e pode ser respondido por qualquer pessoa.
Outra inovação é uma plataforma que utiliza Inteligência Artificial para levantar padrões de respostas no QSH e que tem agilizado o trabalho moroso de análise dos questionários que era feito manualmente. O MaLeSQs, como é conhecido, tem quase a mesma assertividade obtida nas análises manuais e consegue verificar milhares de QSH por hora acusando casos suspeitos, conforme padrões de respostas.
Campanha Todos contra a Hanseníase
A campanha Todos contra a Hanseníase é uma instância de diálogo permanente entre a Sociedade Brasileira de Hansenologia e a população, com ações durante todo o ano, porém, com ênfase no mês dedicado a esclarecimentos sobre o tema, que é o Janeiro Roxo. Além do HCFMRP -USP, a campanha tem como parceiros a ARTESP, que está veiculando mensagens educativas em centenas de painéis das estradas paulistas, além de distribuir a cartilha da campanha nas estradas; o Theatro Pedro II e o Senado Federal, dentre outros monumentos iluminados para a ação da SBH etc. Todos contra a Hanseníase é parceira oficial do NTD World Day (Neglected Tropical Diseases World Day/Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas), ação global que marca o aniversário da Declaração de Londres de 2012 sobre DTNs, que unificou parceiros em todos os setores, países e comunidades para pressionar por maior investimento e ação contra essas doenças debilitantes e é um catalisador para traduzir a conscientização.
Paulo Paschoal
Violinista da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP, fez várias turnês internacionais tocando em grandes salas de concerto pelo mundo. Recentemente, participou de turnê na Europa pelos 70 anos da maior orquestra brasileira. Foi professor no Instituto Baccarelli, spalla das sinfônicas de Sorocaba e de Santo André. Gravou inúmeros CDs com a OSESP e várias outras grandes orquestras, além de participar de gravações com nomes como Roberto Carlos, Chico César, Leonardo, Sandy e Junior, Zizi Possi entre outros. Dividiu o palco em apresentações e espetáculos com Ney Mato Grosso, Milton Nascimento, Paula Lima, Zezé de Camargo e Luciano entre outros.