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Camelôs invadem calçadão durante a greve

Espeto de morango coberto com chocolate, bermudas, cami­setas, meias, cintos, óculos, milho no prato, carteiras, bolsas, caqui, pêra, morango, goiaba, curau, almofadas e até feijão branco a granel. Na tarde desta quinta-fei­ra, 19 de abril, o calçadão da rua General Osório, no coração de Ribeirão Preto, virou um “merca­do a céu aberto” com vendedores ambulantes fazendo a festa por causa da ausência de fiscalização, já que os servidores municipais estavam em greve.

O Tribuna entrou em contato com o Departamento de Fiscali­zação Geral da Secretaria Muni­cipal da Fazenda e foi informado que parte dos fiscais estava em greve. Quem não aderiu ao mo­vimento paredista participava do “mutirão dos terrenos”, ação rea­lizada todo início de ano – quan­do os fiscais percorrem todas as propriedades não edificadas da cidade para verificar “in loco” a limpeza (roçada) e a existência de calçada e mureta previstas em lei.

Os trechos com a maior pre­sença de camelôs, na rua Gene­ral Osório, são a esquina com a rua Álvares Cabral, onde ficam os edifícios Meira Júnior e Die­derichsen, no Quarteirão Pau­lista, no Centro Histórico, e de­fronte às Lojas Americanas,na praça XV de Novembro. Nos dois pontos vendedores ambu­lantes esticaram lonas no chão, como um mostruário, com roupas diversas – principal­mente bermudas e camisetas. Defronte à Choperia Pinguim, um camelô ocupou quase toda a via, dificultando bastante a passagem dos pedestres.

O trabalho dos ambulantes via ficar mais complicado. Em 6 de março, a Câmara aprovou, por unanimidade (25 votos a zero), o projeto de lei do Exe­cutivo que cria a gratificação necessária para a celebração de convênio entre a prefeitura e a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSp­-SP), instituindo a “Atividade Delegada” em Ribeirão Preto.

O convênio, com validade de um ano, prorrogável por mais quatro (até cinco), prevê a contra­tação de “até” 30 policiais milita­res. O projeto aprovado cita como tarefas a serem executadas o apoio ao Departamento de Fiscalização geral da Secretaria Municipal da Fazenda para coibir o comércio ambulante ilegal, invasões de áreas públicas, descarte irregular de lixo (resíduos sólidos), inter­dição de obras clandestinas e fe­chamento de comércio irregular, entre outros casos relacionados a infrações previstas no Código de Posturas Municipais.

No total, a prefeitura tem hoje cerca de 140 fiscais e seria neces­sário pelo menos o dobro para dar conta do serviço. Cada poli­cial militar recebe uma Unidade Fiscal do Estado de São Paulo (Ufesp) por hora trabalhada – hoje no valor de R$ 25,70 – para oficiais, aspirantes, subtenentes e sargentos, e de 90% de uma Ufesp (R$ 23,13) para cabos e soldados.

O convênio também permi­te que os PMs cumpram jorna­da de trabalho de até oito horas (máximo de 80 horas no mês) e de doze horas por dia (máximo de 96 horas mensais). No caso de um soldado, uma jornada de oito horas resultará em uma gratifica­ção de R$ 185,04 por dia traba­lhado. Se a jornada diária for de doze horas, será de R$ 277,56. A estimativa da administração é in­vestir R$ 120 mil anuais no pro­grama, no início. Os PMs podem trabalhar para a prefeitura farda­dos e armados.

Diretor da Fiscalização Ge­ral de Ribeirão Preto, Antônio Carlos Muniz defende a parceria como uma forma de amenizar as dificuldades enfrentadas pelos agentes municipais e de garantir a eles uma proteção maior. “Há confrontos e muitas vezes, há agressões. No ano passado nós tivemos mais de 12 fiscais agre­didos, inclusive casos com alta complexidade”, diz.

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