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Câmara vota repasse de R$ 20 milhões para o IPM

A Câmara de Vereadores vota nesta terça-feira, 23 de ou­tubro, projeto de lei do Execu­tivo que pede autorização para repassar até R$ 20 milhões ao Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM). A solici­tação, segundo a prefeitura, é necessária por causa do déficit mensal do órgão previdenciário e para o pagamento de aposen­tados e pensionistas que estão inscritos no fundo financeiro.

O aporte é uma obrigação legal estabelecida pela lei com­plementar nº 2.836, de 9 de novembro de 2017. Segundo a legislação, quando ocorrer insuficiência de recursos para pagamento dos benefícios dos segurados deste fundo finan­ceiro, caberá ao município a complementação do dinheiro. Para que o projeto do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) ser aprovado é preciso maioria absoluta (14 votos).

Repasse provocou crise
Na semana passada, o pre­feito Duarte Nogueira anunciou o corte de 15% nas despesas e a suspensão de pagamento de fornecedores por causa do au­mento do repasse de recursos para o IPM. Segundo a admi­nistração municipal, o valor do reembolso, antes orçado em R$ 100 milhões para este ano, de­verá chegar aos R$ 240 milhões até dezembro, em função do aumento do número de apo­sentadorias verificado este ano. Dados da Secretaria Municipal da Fazenda revelam que atual­mente existem mais de mil ser­vidores com condição legal para se aposentar.

De acordo com afirmação feita pelo secretário da Fazen­da, Manoel de Jesus Gonçalves, a situação financeira da pre­feitura de Ribeirão Preto ficou muito difícil e, segundo ele, se nada fosse feito se tornaria in­sustentável dentro de pouco tempo. “Desde o começo do ano estamos fazendo contingencia­mento e liberando as despesas a conta gota. Mas, infelizmente tivemos que fechar as torneiras de vez”, garante.

O regime próprio dos ser­vidores municipais teve origem em 1992 com a criação do Fun­do de Auxilio aos Municipiá­rios (FAM), transformado em 1994 em um fundo previden­ciário com regime próprio. Atualmente o IPM tem dois fundos para o pagamento de aposentadorias dos servidores e pensionistas: o financeiro e o previdenciário. O primeiro não tem reserva de recursos e é responsável pelo pagamento das aposentadorias de cerca de 5.500 aposentados e pensionistas que ingressaram na prefeitura antes de 2011 e já se aposentaram.

Este pagamento é feito com o dinheiro obtido mensalmen­te através das contribuições previdenciárias dos servidores ativos que também ingres­saram na prefeitura antes de 2011, mas, ainda estão na ativa. O sistema é semelhante ao do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em que quem trabalha com registro em car­teira paga para aqueles que se já estão aposentados.

O grande problema é que os recursos oriundos das con­tribuições dos servidores mu­nicipais que estão na ativa não cobrem o valor necessário para pagar as aposentadorias. Resul­tado: por força de lei municipal, a prefeitura é obrigada a comple­mentar a diferença, que este ano está prevista em R$ 240 milhões. Já o déficit atuarial, ou seja, o que o IPM precisaria para o paga­mento das aposentadorias caso todos servidores se aposentas­sem – considerando a expecta­tiva de vida do brasileiro – é de R$ 15 bilhões.

O outro sistema de aposen­tadoria existente no IPM é o do fundo previdenciário. É seme­lhante a uma previdência com­plementar individual, só que, no caso do município, é coletivo. Criado em 2011, estabelece que todo servidor contratado a partir deste ano tenha suas contribui­ções previdenciárias recolhidas para este fundo de reserva que será responsável pelo pagamen­to de sua aposentadoria quando isto acontecer. Uma espécie de poupança que tem dado rendi­mentos acima da inflação 6%.

Atualmente ele tem R$ 400 milhões em reserva e será res­ponsável pelo pagamento de 4 mil aposentados e pensionistas. Atualmente poucos servidores estão aposentados por este siste­ma. Vale lembrar que os recur­sos dos contribuintes do fundo previdenciário não podem em hipótese alguma, serem utiliza­dos para o pagamento aos per­tencentes ao financeiro.

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