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Câmara vai votar ‘pacotão’ de obras

Foto: JF Pimenta

A Câmara de Vereado­res deve votar, na sessão desta quinta-feira, 31 de março, pro­jeto de lei que autoriza a prefei­tura de Ribeirão Preto a assinar contrato de financiamento no valor de R$ 97 milhões com a Caixa Econômica Federal.

O dinheiro será usado para tirar 26 projetos do papel e foi protocolado no Legislati­vo em 17 de março. De acor­do com a proposta, a linha de crédito, caso seja aprovada pelos vereadores, será prove­niente do programa Financia­mento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa).

A Caixa Econômica Fede­ral já liberou R$ 75 milhões do Finisa para outros projetos da prefeitura, entre eles a futura re­forma do Palácio Rio Branco e as obras do Programa Ribeirão Mobilidade. O novo emprésti­mo terá prazo de carência de 24 meses e de 96 para quitação, ou seja, oito anos.

O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) deixará o Palácio Rio Branco em 31 de dezembro de 2024. A taxa de juros total anual será de 14,02%, de acordo com o cronograma financeiro. A matéria entrou na pauta desta quinta-feira, graças ao pedido de urgência feito por Renato Zucoloto (PP) e aprovado na terça-feira (29).

Como garantia para o fi­nanciamento, a prefeitura pro­põe ceder ou vincular as cotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ou do Im­posto sobre Circulação Sobre Mercadorias (ICMS) a que tem direito, recursos provenientes, respectivamente, dos governos federal e estadual. Ao projeto, a prefeitura anexou estudo de impacto financeiro.

Entre as obras previstas a serem realizadas com parte dos R$ 97 milhões está a implan­tação do corredor de ônibus da avenida Costábile Romano, na Zona Leste, no valor de R$ 11 milhões, do Jardim Caste­lo Branco (Leste/Oeste), no valor de R$ 6,6 milhões, e do corredor da região Central, estimado em R$ 5,5 milhões.

Também está prevista a cons­trução da nova unidade do res­taurante Bom Prato do Centro, na rua Lafaiete, no valor de R$ 5,5 milhões, e a reforma do prédio da Casa da Cultura Juscelino Ku­bitschek para a implantação do projeto Fábrica de Cultura, com custo estimado de R$ 12 milhões.

Prevê ainda as obras de re­forma e adequação do Com­plexo Esportivo Elba de Pádua Lima (Tim) – a popular Cava do Bosque – para obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). O valor estimado pela prefeitura de Ri­beirão Preto é de R$ 500 mil.

Agora, o projeto será analisa­do pelas comissões de Finanças, Orçamento, Fiscalização, Con­trole e Tributária do Legislativo e de Constituição, Justiça e Reda­ção (CCJ). Caso receba parecer favorável da CCJ – que tem po­der para barrar a proposta –, será levado para votação em plenário e precisará de maioria absoluta para ser aprovado, ou seja, doze dos 22 votos possíveis.

No setor de transporte coleti­vo, o governo municipal também pretende construir um terminal urbano na região Central da ci­dade. O Tribuna apurou que o equipamento deverá ser constru­ído em um terreno na rua Maria­na Junqueira, entre as ruas Álva­res Cabral e Tibiriçá. Atualmente, um estacionamento de veículos atende no local, mas até o início dos anos 2000 era ocupado pela CPFL Paulista.

Entre os anos de 1986 e 1999, a praça Carlos Gomes teve um terminal do transporte coletivo urbano por onde passavam li­nhas importantes, algumas ainda no sistema de trólebus (ônibus elétricos, com cabos). Porém, foi desativado pelo então pre­feito Luiz Roberto Jábali sob o argumento de que melhoraria o trânsito na região Central da ci­dade. O ex-prefeito faleceu em decorrência de leucemia, em 8 de agosto de 2004, Dia dos Pais, aos 67 anos.

Do total de R$ 97 milhões, R$ 4.594.778 seriam reservados para a desapropriação da área e R$ 7 milhões para a construção do novo terminal. De acordo com a apuração feita pelo Tribu­na, o local é considerado estra­tégico por ficar perto da aveni­da Doutor Francisco Junqueira.

Essa proximidade permiti­rá que os ônibus do transporte coletivo oriundos das regiões Norte e Leste da cidade pos­sam chegar ao futuro termi­nal por esta via. Os veículos chegariam pela rua Álvares Cabral e sairiam para os bair­ros destas regiões pela Tibiri­çá. No primeiro mandato da ex-prefeita Dárcy Vera (2009 a 2012), a construção de um terminal no local foi cogitada, mas a ideia não saiu do papel.

Levantamento feito pelo vereador Lincoln Fernandes (PDT), junto à Secretaria Mu­nicipal da Fazenda, revela que a dívida fundada do municí­pio de Ribeirão Preto é de R$ 717 milhões, 19,2% de todo o orçamento da cidade para este ano, de R$ 3.726.647.052, va­lor recorde.

Boa parte deste endivida­mento – envolve os compro­missos de pagamento com pra­zos superiores a doze meses –, segundo os dados da Fazenda Municipal, tem relação com o fato de a gestão do prefeito Duarte Nogueira contrair, nos últimos quatro anos, emprésti­mos de quase R$ 442 milhões.

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