A Câmara de Ribeirão Preto definiu na última terça-feira, 3 de setembro, que a cidade terá 22 vereadores a partir da próxima legislatura (2021-2024), como a menos do que o número atual, de 27 parlamentares. Na sessão extraordinária, a maioria dos legisladores rejeitou proposta de emenda à Lei Orgânica do Município (LOM) de autoria de Marco Antonio Di Bonifácio, o “Boni” (Rede), que pretendia estabelecer 23 cadeiras. A votação terminou com 19 votos contra e cinco a favor, além de uma abstenção e duas ausências.
Com o corte de cinco vereadores, a economia prevista com recursos humanos na Câmara de Ribeirão Preto será de R$ 13.015.404,00 nos quatro anos da próxima legislatura, que começa em 1º de janeiro de 2021 e vai até 31 de dezembro de 2024. Este número representa cerca de 18,5% da despesa com os subsídios dos parlamentares e salários das assessorias, que no atual mandato – quatro anos – deve chegar a R$ 70.283.181,60, com base nos valores brutos atuais. Trata-se de uma projeção, pois até 2021 os vencimentos podem ser reajustados – o corte de cinco cadeiras também pode ser alterado, apesar de esta possibilidade ser remota.
Sem contar os subsídios dos vereadores, cada um dos 27 gabinetes da Câmara custa R$ 37.311,60 por mês. Cada parlamentar tem cinco assessores que recebem salários de R$ 7.206,78 (chefia), R$ 7.973,42 (assessor direto) e R$ 5.903,80 para cada um dos três assessores parlamentares, além de R$ 884 de vale-alimentação para cada um. Por mês, essa estrutura consome R$ 1.007.413,20 e chega a R$ 13.096.371,60 ao ano – contando com o décimo terceiro salário. Na atual legislatura vai atingir R$ 52.385.486,40
A economia com assessorias será de R$ 186.558,00 por mês e de R$ 2.425.254,00 ao ano. Em quatro anos, será de R$ 9.701.016,00 – contenção sempre de 18,5%. Já a eliminação de cinco subsídios de vereador vai gerar uma economia de R$ 69.049,75 por mês, R$ 828.597,00 anuais e de R$ 3.314.388,00 no mandato (ou 18,5%). Os 27 parlamentares custam R$ 372.868,65 ao mês e R$ 4.474.423,80 ao ano – doze meses, eles não têm décimo terceiro. Na atual legislatura, o valor chegará a R$ 17.897.695,20.
Porém, até o final do atual mandato o subsídio dos parlamentares pode ser reajustado – depende do Congresso Nacional – e os assessores também podem receber aumento quando da data-base dos servidores municipais. Neste ano, a prefeitura de Ribeirão Preto “congelou” os salários da categoria e o caso foi levado a dissídio – atualmente tramita no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).
Já o subsídio dos vereadores, que hoje está em R$ 13.809,95 brutos, depende da Câmara Federal. Se Brasília elevar os vencimentos dos deputados federais, vai gerar um efeito em cascata, já que os deputados estaduais podem receber até 75% do que ganha um federal e os legisladores municipais podem embolsar até 75% do que percebe um legislador da Assembleia Legislativa de seu estado, segundo a Constituição do Brasil.
A previsão orçamentária da Câmara é baseada no artigo 29 da Constituição Federal e garante ao Legislativo o teto de 4,5% da receita corrente líquida do município. No final do ano passado, o Legislativo reduziu – por iniciativa própria – o índice para 4,08%. Com a mudança, o valor previsto para 2019 caiu de R$ 70,82 milhões para R$ 64,24 milhões, cerca de R$ 6,58 milhões a menos e economia de 9,3% a menos em relação ao previsto.
Em 29 de agosto, a Câmara de Vereadores antecipou o repasse de R$ 6,2 milhões para a prefeitura de Ribeirão Preto e “salvou” o mês de 1.674 servidores da administração direta com vencimentos superiores a R$ 3,5 mil mensais, que corriam o risco de ter o salário parcelado – geralmente, a devolução ocorre em dezembro.
Em comunicado enviado à imprensa, a Mesa Diretora destaca que a devolução antecipada foi provocada pelo atual o momento financeiro enfrentado pelo município. “A Câmara Municipal têm sido exemplo de gestão de recursos públicos gerando economia de mais de R$ 30 milhões de reais nos últimos dois anos e com previsão de R$ 50 milhões a serem economizados nos primeiros três anos da atual legislatura”, finaliza o comunicado
Número de vereadores
Sem a aprovação da proposta de emenda à LOM de “Boni”, segue valendo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Em fevereiro do ano passado, a Corte Suprema definiu que a Câmara de Ribeirão Preto poderia ter 22 vereadores a partir da próxima legislatura. São cinco a menos do que os atuais 27 parlamentares.
Os ministros do STF já haviam declarado, em 2017, a constitucionalidade da emenda à LOM que determinava o corte, mas faltava a modulação – se a regra valeria já nesta legislatura (2017-2020) ou para a próxima, que começa em 2021 e vai até 2024. A alteração no número de cadeiras precisa ser finalizada até o dia 4 de outubro porque a legislação eleitoral estabelece que as mudanças têm de ser feitas obrigatoriamente até um ano antes das próximas eleições, em 2020.
A proposta de “Boni” levava em consideração o número de habitantes e quantos moradores cada vereador poderia representar, em média. Atualmente, com 27 cadeiras e 703.293 “ribeirão-pretanos” – segundo a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 28 de agosto com base em dados atualizados em 1º de julho –, a cidade tem 26.047 munícipes por parlamentar. Se o Legislativo já tivesse 22 edis,a média hoje seria de um legislador para cada grupo de 31.967 habitantes.