Isaac Antunes (PR), presidente da Comissão de Constiuição, Justiça e Redação (CCJ) da Câmara de Vereadores, pretende instaurar uma Comissão Especial de Estudos (CEE) para analisar a implantação de corredores de ônibus do transporte coletivo urbano nas avenidas Dom Pedro I, no Ipiranga, e da Saudade, nos Campos Elíseos, ambas na Zona Norte de Ribeirão Preto. Na sessão de quinta-feira, 13 de junho, ele conseguiu aprovar o requerimento em plenário.
Em sua justificativa, o parlamentar afirma que cabe ao Legislativo a função fiscalizadora dos atos do Executivo e que é preciso saber qual será o impacto dos corredores de ônibus nestes locais, tanto para o trânsito quanto para os comerciantes destas regiões. A comissão terá 120 dias para analisar o assunto, mas este prazo poderá ser prorrogado pelo mesmo período.
Os corredores de ônibus fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC da Mobilidade Urbana e Saneamento, um pacote de investimentos com recursos do governo federal que terá investimentos de R$ 310 milhões, com contrapartida da administração municipal no valor de R$ 33,4 milhões.
A licitação para implementação de corredor de ônibus nas duas avenidas e na rua São Paulo já foram abertas e tem valor estimado de R$ 45.836.650,35. Também está incluída na licitação a construção de ciclovias na avenida Octavio Golfeto (na divisa dos jardins Procópio Ferraz, José Sampaio Júnior e Alexandre Balbo) e Francisco Maggioni (Ipiranga) – trecho Leste e Oeste (26,2 quilômetros) e trecho Leste e Oeste (28,5 quilômetros).
Na semana passada, a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) divulgou texto em que manifesta sua preocupação com possíveis impactos que as obras do PAC poderão acarretar nos negócios e na cidade. No texto, o presidente da entidade, Dorival Balbino, afirma que as intervenções causarão um grande impacto na organização do trânsito e na maneira como as pessoas se movimentam no espaço urbano.
Atualmente estão em fase de licitação 12 obras e dois projetos executivos do PAC da Mobilidade que totalizam R$ 141,7 milhões. O Tribuna apurou que empresários das avenidas Dom Pedro I e da Saudade devem se reunir com o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) na próxima semana para conhecer o projeto e como elas vão impactar o comércio e a prestação de serviços nestas regiões. A reunião estaria sendo intermediada pela Acirp.
“Os negócios também serão impactados. Em alguns casos beneficiando, e, em outros, trazendo ameaças. Por isso, a Acirp está acompanhando de perto e discutindo com os empresários, alternativas para que eles planejem melhor seus investimentos e identifiquem oportunidades e ameaças existentes”, afirma. Segundo Balbino, o principal impacto do Programa Ribeirão Mobilidade é a implantação dos corredores de ônibus estruturais em avenidas comerciais importantes da cidade como Dom Pedro I, da Saudade, Presidente Vargas, Independência, Treze de Maio, Nove de Julho, do Café, entre outras.
Ele destaca ser necessário que a prefeitura de Ribeirão Preto atue para reduzir o impacto dessas mudanças para os empresários que investiram nessas regiões. “No ano passado, já pedimos oficialmente para a prefeitura que, antes do início das obras, se reúna com essas comunidades para dizer o que será feito e ouvir as reivindicações daqueles que serão afetados”, conclui Dorival Balbino. Comerciantes da avenida Dom Pedro I, por exemplo, estão preocupados porque o corredor de ônibus que vai da rotatória Amin Calil até a avenida Alceu Paiva Arantes, no Planalto Verde, vai acabar com vagas de estacionamento.
A avenida é um problema antigo. Desde o início da década de 1990 a Empresa de Trânsito e Transporte Urbano (Transerp) estuda o que fazer na via, se transforma em mão única ou se acaba com as vagas de estacionamento. A realidade é que alguma medida precisa ser adotada, ainda mais com a conclusão das 6.991 casas do Residencial Via Nova Ribeirão. Em setembro de 2017, a companhia criou 202 vagas de estacionamento rotativo na avenida, entre as ruas Pará e Japurá.