A Câmara de Vereadores aprovou na sessão dessa terça-feira, 10 de outubro, projeto de resolução da Mesa Diretora que convoca Waldo Villani Junior, diretor técnico do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp), a “prestar esclarecimentos acerca da afirmação de que ‘a inversão da lei da gravidade impede a regularização do abastecimento em Ribeirão Preto”.
O projeto foi elaborado após a aprovação de requerimento de Bertinho Scandiuzzi (PSDB), que pretende esclarecer a estranha afirmação do diretor técnico, feita durante entrevista concedida no dia em que foi anunciada a decisão da Justiça de obrigar a autarquia a regularizar 100% do abastecimento, em 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil e proibição de realizar novas ligações de água.
Questionando acerca da frase que motivou a convocação do diretor técnico da autarquia, o Tribuna apurou que a declaração foi dada no contexto de uma explicação de Waldo Villani Júnior acerca do sistema que vigora na maior parte do abastecimento público da cidade.
“Em Ribeirão Preto, o sistema opera de maneira invertida, em sua maior parte, retirando a água através dos poços e jogando diretamente nas redes e posteriormente, se sobrar, esta água chega aos reservatórios”, informa a autarquia. Segundo a empresa, “o correto seria a água sair dos poços e ir diretamente para os reservatórios e destes, por gravidade, abastecer a rede”.
Desta forma, ainda de acordo com a autarquia, a pressão na rede “seria reduzida, diminuindo o consumo de energia e principalmente os vazamentos, uma vez que a produção dos poços é contínua e o consumo varia ao longo do dia e os reservatórios têm a função de regular o abastecimento e a pressão na rede”.
O Daerp iniciou um trabalho de modificação do sistema de abastecimento na cidade para garantir a segurança hídrica e a solução de todos os problemas que se arrastam há décadas em alguns bairros do município. A previsão é que nos próximos três anos sejam investidos cerca de R$ 150 milhões para corrigir a rede.
A própria autarquia já informou que alguns bairros de Ribeirão Preto estão sofrendo com a falta de água. Foram detectados problemas de abastecimento em cinco dos 38 setores da cidade – a média diária supera 30 ocorrências. Além de problemas técnicos e estruturais, a estiagem e o calor intenso dos últimos quatro meses elevaram o consumo e sobrecarregaram o sistema.
A média de consumo per capta recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 110 litros de água por dia por pessoa. A média nacional é de 167 litros, enquanto que em Ribeirão Preto está em 366 litros diários de água por habitante – o número já desconta as perdas físicas do sistema. A média municipal é 232,7% superior à mundial e está 119,1% acima da brasileira.
Em 2016, as perdas reais do sistema foram de 42,10% da produção. Nos oito primeiros meses deste ano, o desperdício esté em cerca de 39,38%. O Daerp já foi cobrado pelo Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) para reduzir as perdas para 20%, mas a meta apresentada ao Ministério Público Estadual (MPE) é de redução para 32% até 2021.
Botafogo – Na antevéspera do aniversário de 99 anos do Botafogo Futebol Clube, a Câmara aprovou o projeto de autoria de André Trindade (DEM) que decalara o tradicional time da Vila Tibério (e consequentemente seu estádio) como “patrimônio cultural imaterial do povo ribeirão-pretano”. O texto aprovado diz que a Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac), adotará as providências necessárias para o cumprimento da lei.
A exemplo do que ocorreu há dois meses com o coirmão Comercial, a decretação do Botafogo como “patrimônio cultural imaterial” tem por objetivo que o estádio Santa Cruz seja tombado pelo patrimônio histórico, o que na prática inviabiliza o surgimento de interessados em um possível leilão judicial do “Gigante do Interior”, em função das dívidas trabalhistas do clube.