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Câmara mantém tarifa do Daerp

A Câmara de Vereadores rejeitou na sessão desta quinta-feira, 20 de setembro, o decreto legislativo que tentava sustar os efeitos da nova matriz tarifá­ria do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) – resultou em reajuste de aproximadamente 3% para parte dos consumidores. Fo­ram 17 votos contra e apenas oito a favor da proposta apre­sentada por Alessandro Mara­ca (MDB), Lincoln Fernandes (PDT) e Jean Corauci (PDT), que não participou da sessão. O presidente Igor Oliveira (MDB) só vota em caso de empate.

Os autores entendem que a nova matriz tarifária do Daerp al­tera o valor e a forma de cobrança das contas de água, prejudicando a parcela economicamente mais baixa da população, mas a maio­ria dos parlamentares decidiu votar contra por discordar dos argumentos do trio. A nova base de cálculo foi autorizada por meio de decreto do prefeito Duarte No­gueira Júnior (PSDB) publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de 3 de maio e que passou a vigorar em junho – os consumi­dores receberam as faturas com o reajuste em julho. O caso também tramita nas Varas da Fazenda Pú­blica de Ribeirão Preto.

A polêmica sobre a forma de cálculo das tarifas do Daerp vem desde o ano passado, quando o prefeito revogou a antiga. No entanto, neste intervalo entre a anulação de um decreto e a publi­cação do outro, não existia matriz tarifária em vigor, o que motivou duas ações populares na Justiça.

Uma foi impetrada pelo empresário José Roberto Perei­ra Alvim e outra por Lincoln Fernandes. O vereador pede ao juiz Gustavo Müller Lorenzato, da 1ª Vara da Fazenda Pública, a devolução do valor arrecadado durante o período e a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Outro argumento defendi­do pelo trio de vereadores auto­res do decreto legislativo é que a medida precisa ser fixada por lei complementar com a aprovação dos vereadores, e não por decreto, como o Executivo fez, sem vota­ção no plenário da Câmara. Em nota, o secretário municipal da Administração e dos Negócios Jurídicos, Ângelo Roberto Pessi­ni Júnior, já disse anteriormente que o caso está na Justiça e que a prefeitura, além de cumprir as determinações dos magistrados, aguarda o julgamento do mérito.

Segundo o Daerp, até junho quem consumia até dez metros cúbicos de água pagava R$ 20,10 – o menor valor desembolsado pelos mais de 190 mil clientes do departamento. Esse valor é a soma das tarifas de água (R$ 8,80), de afastamento (R$ 6,70) e do tratamento do esgoto (R$ 4,60). Com a nova matriz tarifá­ria, o mesmo consumo de 10 m³ resultou em conta de R$ 20,70, com base na soma da tarifa de água (R$ 9,10 – aumento de R$ 0,30), de afastamento do esgoto (R$ 6,80 – acréscimo de R$ 0,10) e da do tratamento de esgoto (R$ 4,80 – aporte de R$ 0,20).

Neste caso, o reajuste ficou em 2,98%, com a conta passan­do de R$ 2,10 para R$ 2,70, mais R$ 0,60. Ribeirão Preto possui 164.209 consumidores na catego­ria residencial normal, e deste to­tal, 151.247 (92,10%) consomem até 30 metros cúbicos por mês. Para estes consumidores houve redução média de 1,62%.

Para votar o decreto, o trio de autores teve que buscar assinatu­ras dos colegas e levar o caso ao plenário porque a Comissão de Constituição, Justiça e Redação CCJ emitiu parecer contrário ale­gando inconstitu-cionalidade. O relator Maurício Vila Abranches (PTB) disse ontem que votou contra porque o projeto não traz base que comprove que os valores da nova matriz são exor­bitantes. Ele também afirma que a propositura é inconstitucional.

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