A Câmara de Vereadores deverá votar, na sessão desta terça-feira, 29 de outubro, projeto de lei de autoria de Marcos Papa (Rede) que inclui, no Calendário de Eventos Oficiais do Município, o “Dia de Ribeirão Preto, Cidade Patrona da Aviação”. A proposta, segundo o autor, tem como objetivo perpetuar a colaboração feita pela cidade para ajudar Alberto Santos Dumont (1873-1932) em suas experiências que resultariam na invenção do avião.
O projeto já passou pela Secretaria Legislativa da Câmara para o recebimento de emendas. Só não irá para votação em plenário se a Comissão Constituição, Justiça e Redação (CCJ) emitir parecer contrário ou não se manifestar. Papa propõe que a data seja comemorada anualmente em 3 de novembro e que as atividades alusivas ao dia poderão ser desenvolvidas e difundidas pelas entidades representativas no município.
Em 31 de outubro de 1903, por iniciativa do então prefeito Aureliano de Gusmão, a Câmara de Ribeirão Preto aprovou a doação de um conto de réis para o inventor. O dinheiro serviria para auxiliar a continuação de suas experiências sobre o aproveitamento da dirigibilidade dos balões como meio de transporte.
O repasse foi aprovado por unanimidade e feito em 03 de novembro daquele ano. Aureliano de Gusmão foi o primeiro juiz de Direito da história de Ribeirão Preto. Em 1899 foi eleito vereador na 9ª Legislatura da Câmara Municipal (1899- 1902), pelo Partido Republicano Paulista (PRP).
Em 1901 foi reeleito vereador, sendo o segundo mais votado (737 votos). Já como vice-presidente da Câmara, no dia 5 de julho de 1902 foi eleito por seus pares “intendente”, denominação da época para o responsável pela chefia do Executivo.
Em 22 de novembro do mesmo ano, por indicação do próprio Aureliano de Gusmão, a Câmara substituiu a denominação intendente por prefeito – ele foi, assim, o primeiro de Ribeirão Preto, segundo a nova nomenclatura, e o 20° cidadão a exercer o cargo.
Alberto Santos Dumont (1873-1932) nasceu na Fazenda Cabangu, em João Gomes – hoje Santos Dumont –, Minas Gerais, em 20 de julho de 1873, e passou a infância na região de Ribeirão Preto, nas fazendas do pai, Henrique Dumont, engenheiro francês e plantador de café.
Em 1900, o milionário francês Deutsch de la Meurthe lançou um desafio aos construtores de dirigíveis: “Aquele que conseguir partir do Campo de Saint-Cloud, fazer à volta a Torre Eiffel e voltar ao ponto de partida em 30 minutos, ganhará 100.000 francos”.
Após tentativas com cinco dispositivos – incluindo o dirigível “nº 5”, cujo voo terminou em um acidente que quase lhe tirou a vida, Dumont cumpriu a missão em 1901, pilotando o balão “nº 6”, com um motor de 16 HP, deu a volta à Torre Eiffel. Ao ganhar o Prêmio Dustche, distribuiu metade entre seus mecânicos e auxiliares e a outra metade Santos Dumont destinou aos necessitados.
O 14 Bis
Com o “14 Bis”, uma “aeronave mais pesada que o ar”, o brasileiro cumpriu alguns desafios em exibições públicas nos arredores de Paris. No dia 23 de outubro de 1906, realizou um voo de 60 metros. O segundo desafio se deu no dia 12 de novembro de 1906, quando o “14 Bis”, com um motor de 50 cavalos de potência, partiu do Parque de Bagatelle e subiu a uma altura de seis metros, percorrendo 220 metros, tendo como testemunha os membros da comissão do Aeroclube da França.
Em 1908, Santos Dumont construiu o “Demoiselle”, cujo desenho serviria de modelo a todos os projetistas que se seguiram. Tudo nela era obra de Dumont, inclusive o motor. Em 1910, na primeira exposição da Aeronáutica realizada no Grand Palais de Paris, o “Demoiselle” foi um sucesso. Alberto Santos Dumont faleceu no Guarujá, São Paulo, no dia 23 de julho de 1932. Deixou dois livros: “Dans-L’air” (1904) e “O que vi e o que nós veremos” (1918).