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CÂMARA DE RIBEIRÃO PRETO – ‘Folha’ consumiu R$ 41,4 mi em 2017

Sede da Câmara de Ribeirão Preto

A Câmara de Ribeirão Preto já consumiu neste ano, entre 1º de janeiro e 29 de novembro, R$ 46.930.613,85, sendo que 88,3% deste valor foram destinados ao pagamento de “pessoal e encar­gos” – ou R$ 41.477.552,83. Em 2016, quando o Legislativo conta­va com 22 vereadores – hoje são 27, mas o caso está sub judice no Supremo Tribunal Federal (STF) –, o índice estava em 87,8%. No exercício anterior, a folha do fun­cionalismo da Casa de Leis consu­miu R$ 46.143.106,30 de um total de gastos de R$ 52.525.038,86.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, número 101/2000) impõe às prefeituras teto de 60% para despesas com a folha de pa­gamento 6% para o Legislativo e 54% para o Executivo, com limi­te prudencial de 51,3%. Dentro desses 6%, não importa quanto a Câmara gaste com pessoal, só não pode ultrapassar o percentu­al. Quando a regra não é respeita­da, o município deixa de receber recursos e os agentes políticos podem ter os direitos políticos suspensos por crime de improbi­dade administrativa.

O montante gasto pela Câma­ra até agora, porém, representa 71,5% do orçamento previsto para este ano, de aproximada­mente R$ 65,6 milhões – o pre­sidente Rodrigo Simões (PDT) disse recentemente que vai devol­ver cerca de R$ 13 milhões à pre­feitura de Ribeirão Preto, quase o dobro do valor do reembolso de 2016. Informa, ainda, que a eco­nomia poderia ter sido maior, mas no início do ano a Câmara teve de pagar as rescisões com os funcionários comissionados da Legislatura passada, que consu­miu R$ 4,5 milhões.

Ainda há a possibilidade de o Legislativo gastar no atual exercí­cio mais R$ 1,7 milhão para fina­lizar as obras do prédio anexo. O novo edifício, idealizado em 2015 pelo então presidente Walter Go­mes (PTB, preso por causa da Operação Sevandija), deveria ter ficado pronto em agosto do ano passado. Já consumiu R$ 6,4 mi­lhões dos R$ 6,8 milhões previs­tos, mas a vencedora da licitação, a Cedro Construtora, diz que pre­cisa de R$ 1,7 milhão para finali­zar o edifício, já que houve falhas no projeto, segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para acompanhar a celeuma. Mas a continuidade de­pende do Ministério Público Es­tadual (MPE), que aguarda laudo.

No balanço de gastos des­te ano (de janeiro a novembro) chama a atenção duas rubricas genéricas: “outros serviços” (R$ 2.145.783,23) e “demais despesas” (R$ 2.207.859,14). Com “mate­riais de consumo” foram gastos R$ 614.697,93 e com “equipa­mentos materiais permanentes” mais R$ 480.721,14.

Dos R$ 41,47 milhões gas­tos com despesas de pessoal, R$ 4,667 milhões (mais encar­gos) foram destinados ao paga­mento de 328 aposentadorias e pensões a ex-vereadores ou às suas viúvas. Outros R$ 4,474 milhões (mais encargos) ban­caram os subsídios mensais dos 27 parlamentares. Os cerca de R$ 32 milhões restantes foram utilizados no pagamento dos salários dos 135 assessores par­lamentares, dos 98 servidores efetivos e de dois comissiona­dos na administração geral.

Os servidores da Câmara, comissionados ou efetivos, têm direito a auxílio-alimentação de R$ 862 e mais auxílio-refeição de R$ 770. O Legislativo ainda banca dezenas de gratificações – chefe de portaria, chefe de pro­tocolo, chefe da tramitação de projetos, chefe do atendimento a vereadores, encarregado do posto médico, encarregado do serviço de som, encarregado da folha de pagamento etc.

A grande maioria das grati­ficações que turbinaram os sa­lários dos servidores efetivos da Câmara foi criada entre 2011 e 2016, período em que o Legis­lativo foi presidido pelos ex­-vereadores Cícero Gomes da Silva (PMDB) e Walter Gomes (PTB), ambos réus da Opera­ção Sevandija – eles rebatem todas as acusações, negam a prática de atos ilícitos e dizem que vão provar inocência.

As gratificações foram (e continuam sendo) criadas por projetos da Mesa Diretora, a quem cabe a escolha do servidor que será beneficiado. Não há ne­nhum tipo de processo interno de seleção ou de critérios para decidir quem será agraciado com a gratificação. Atualmente, o salário médio da Câmara é su­perior a R$ 7 mil.

A atual Mesa Diretora criou, em junho, uma gratificação para mais sete servidores. No início do mês passado, chegou a protocolar projeto de lei criando mais cinco gratificações, que custariam mais R$ 441 mil ano aos cofres pú­blicos – a proposta desapareceu após ser divulgada pela impren­sa e diante da reação negativa da opinião pública.

O Ministério Público Estadu­al (MPE) instaurou, em novem­bro, inquérito civil para apurar como são concedidas as gratifi­cações que turbinaram os salá­rios do Legislativo nas adminis­trações anteriores. Em outubro, a Casa de Leis chegou a pagar mais de R$ 60 mil para uma servido­ra que estava em férias – entra nesta conta o aporte de um terço do vencimento, previsto em lei. Também pediu uma auditoria ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP).

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