A Câmara de Vereadores decidiu aprovar, na sessão desta terça-feira, 12 de fevereiro, uma moção de repúdio à atitude do governador João Doria (PSDB) , que na última sexta-feira (8) assinou decreto de criação de mais quatro Batalhões de Ações Especiais de Polícia (Baep) no Estado, mas deixou Ribeirão Preto fora da lista, descumprindo uma promessa que havia feito um dia depois de ser eleito.
A Mesa Diretora da Câmara unificou dois requerimentos, de autoria do presidente da Casa de Leis, Lincoln Fernandes (PDT) e de Alessandro Maraca (MDB), em um só documento assinado por 26 vereadores – apenas Maurício Gasparini (PSDB) não endossou a moção. O tucano disse que, por telefone, conversou com Doria e o governador prometeu que a cidade terá um Baep.
A moção de repúdio aprovada ontem também será encaminhada ao secretário de Segurança Pública do Estado, general João Camilo Pires de Campos. A Câmara também vai nomear uma comissão que irá a São Paulo conversar com o governador e o titular da SSP-SP. As novas unidades anunciadas por Doria serão instaladas na capital, Grande São Paulo (São Bernardo do Campo) e no interior do Estado (Presidente Prudente e São José do Rio Preto) e deverão entrar em funcionamento na primeira quinzena de abril.
Ribeirão Preto e Taubaté, no Vale do Paraíba, não estão no pacote. Em 29 de outubro, um dia depois do segundo turno das eleições, o então governador eleito João Doria concedeu entrevista à Rede Globo de Televisão e garantiu que os dois primeiros Baeps de sua gestão seriam instalados nestas duas cidades. O anúncio ocorreu em meio ao caos que os ribeirão -pretanos viviam após mais um ataque à empresa de transportes e guarda de valores, a Brinks.
O tucano, na época, também prometeu para Ribeirão Preto uma unidade do Departamento de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil. As unidades ribeirão-pretanas seriam instaladas primeiro porque, segundo Doria, os ataques com bombas na cidade, principalmente a empresas e carros-fortes que transportam valores, “são recorrentes”.
“Ribeirão Preto será uma delas porque o problema, infelizmente, é recorrente. Taubaté será a segunda. A terceira nós estamos decidindo. Serão três batalhões especiais, cada um com 300 policiais militares – é a Força Tática e a Rota, é a elite da elite”, declarou. Questionado sobre o prazo para a instalação dos Baeps em Ribeirão Preto e Taubaté, Doria informou que isso ocorreria “no mais curto espaço de tempo possível”.
“Vamos preparar a tropa fisicamente para colocá-la e locá-la exatamente onde ela deverá estar. Mas não será apenas a Polícia Militar, Ribeirão Preto terá também o Deic “, emendou. Desde sexta-feira, quando o governador anunciou a instalação de quatro Baeps no Estado, a reportagem do Tribuna busca explicações junto à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-SP), mas ainda não obteve retorno. O jornal quer saber quando a cidade terá o batalhão e o departamento prometidos por Doria.
O efetivo a ser empregado nessas novas unidades passará por treinamento sob coordenação e aplicação do Comando de Policiamento de Choque (CPChq). Serão aplicadas disciplinas específicas do treinamento das Rondas Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), 2º Batalhão de Choque, 3º Batalhão de Choque, Comandos e Operações Especiais (COE) e Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).
Os Baeps foram criados para combater o crime de maneira mais ostensiva no Estado. Nas unidades especializadas, as equipes atuam de forma semelhante aos padrões do policiamento de Choque. Atualmente, há cinco Baeps distribuídos em Campinas, Santos, São José dos Campos, zona Leste da capital e Barueri. Juntas, essas unidades, em 2018, foram responsáveis pela prisão e apreensão de 3.856 criminosos, pela recuperação 371 veículos e por tirar das ruas mais de 3,3 toneladas de drogas e 516 armas de fogo ilegais.