Tribuna Ribeirão
Economia

Câmara aprova PEC do ‘auxílio’

PABLO VALADARES/CÂMARA DOS DEPUTADOS

A Câmara dos Deputados concluiu na madrugada desta sexta-feira, 12 de março, a vo­tação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emer­gencial 186/2019, que vai abrir caminho à nova rodada do auxílio a vulneráveis na pan­demia e criar instrumentos de ajuste nas despesas em mo­mentos de comprometimento severo das finanças de União, Estados ou municípios ou de calamidade nacional.

O texto-base havia sido aprovado na tarde de ante­ontem por 366 votos a favor e 127 contra. Por se tratar de uma mudança na Carta Mag­na, a medida precisava ser aprovada em dois turnos por ao menos 308 parlamenta­res, em cada uma das etapas. O primeiro turno havia sido aprovado na madrugada de quinta-feira (11) por 341 vo­tos a favor e 121 contra.

Após a desidratação que impôs uma derrota à equipe econômica na quarta-feira (10) e permitiu que servido­res públicos continuem com o direito à progressão automá­tica nas carreiras e o respecti­vo aumento nos seus salários mesmo no caso de crise fiscal severa ou calamidade, o gover­no manteve a base mobilizada para barrar novas mudanças.

Os parlamentares votaram em peso para manter o limite de R$ 44 bilhões para o paga­mento do auxílio emergencial, o plano de redução dos subsí­dios e incentivos tributários à metade em um prazo de oito anos e a possibilidade de usar recursos presos no caixa do governo para abater mais de R$ 100 bilhões da dívida pública. A manutenção da desvinculação do superávit financeiro de fundos foi o úl­timo destaque a ser aprecia­do, com 356 votos a 131.

Com o encerramento da votação, o próximo passo é a promulgação do texto pelas Mesas Diretoras do Congres­so Nacional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pretendia promulgar o texto ainda nesta sexta-feira, mas a Consultoria Legislativa do Senado disse que o ato deve ocorrer na semana que vem por causa das mudanças feitas pelos deputados.

Após a promulgação, o go­verno estará pronto para editar duas medidas provisórias, com vigência imediata: uma para estabelecer as regras da nova rodada do auxílio, outra para abrir o crédito extraordinário que libera os recursos que ban­carão o programa.

Após a edição das MPs, o governo assina novos con­tratos com Caixa Econômica Federal e Dataprev para a pres­tação de serviços ligados à ope­ração do auxílio. Depois, a Da­taprev finaliza os cruzamentos, e então o banco estatal efetua o pagamento aos beneficiários. O desenho prevê quatro par­celas mensais de R$ 150 para famílias de uma pessoa só, R$ 250 para a média das famílias e R$ 375 para mulheres que são únicas provedoras da família.

O governo prevê contemplar cerca de 45 milhões de pessoas. Os cálculos foram feitos de acor­do com o limite de R$ 44 bilhões e há hoje “pouca gordura” para fazer qualquer alteração no valor dos benefícios, como mostrou o Broadcast. O texto da MP deve conter um artigo que permitirá a prorrogação do período de quatro meses de pagamento do auxílio.

No entanto, o limite de R$ 44 bilhões na prática impede o acionamento dessa extensão. Na área econômica, o traba­lho é para manter o texto com o limite. A área econômica conta com um avanço mais significativo no calendário de vacinação, sobretudo com a promessa da Pfizer de tentar antecipar doses do imunizante para o Brasil.

Na avaliação de duas fontes, é muito cedo para dizer hoje se o governo precisará ou não de mais parcelas do auxílio. Caso elas sejam necessárias, haveria dois caminhos: nova mudança na Constituição, para elevar o limite de R4 44 bilhões, ou de­cretação de calamidade, uma vez que a PEC já estará pro­mulgada com o novo protoco­lo para crises agudas.

Acordo
Durante a votação nesta quinta-feira (11), o governo honrou o acordo feito com os deputados para evitar uma de­sidratação total na PEC. Eles liberaram no texto promoções e progressões das carreiras do funcionalismo mesmo em momentos de crise. Por outro lado, reajustes salariais, inclusi­ve para repor a inflação, pode­rão ser congelados. Foram 444 votos a favor da mudança no texto e 18 contra.

Técnicos calculam que o impacto das progressões na União pode ficar entre R$ 500 milhões a R$ 2 bilhões, a depender da quantidade de servidores com ascensão na carreira programada para o ano. Na média, o impac­to é calculado em R$ 1,2 bi­lhão ao ano. Já nos Estados e municípios, o custo com as progressões é mais elevado e fica entre R$ 10 bilhões e R$ 14 bilhões ao ano, porque muitos ainda possuem bene­fícios como triênios ou quin­quênios (reajuste automático a cada três ou cinco anos de serviço, respectivamente).

Embora bilionários, es­ses impactos são menores se comparados à economia po­tencial com o congelamento de salários de servidores. Só na União, essa medida tem potencial para poupar de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões/ ano, valores que precisariam ser gastos caso fosse concedi­da a reposição da inflação. Nos governos regionais, esse valor é ainda maior. Por isso, a “troca” foi considerada um mal neces­sário para evitar um desfecho dramático na votação. A oposi­ção disparou contra a proposta do governo. A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) criticou o fato de a PEC não trazer os detalhes do auxílio, enquanto “constitucionaliza o arrocho” nos gastos do governo.

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