Sem alteração em relação ao texto editado pelo governo, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da medida provisória 919 que define em R$ 1.045 o salário mínimo para 2020 a partir de 1º de fevereiro. O valor é R$ 6 a mais do que o de R$ 1.039, inicialmente fixado pelo governo na MP 916, de 31 de dezembro de 2019, que foi revogada ainda em janeiro. A diferença é de 0,57%.
O plenário da Câmara concluiu a votação sem alteração em relação ao texto do governo e a proposta segue agora para o Senado. Nenhum dos destaques foi aprovado. A medida precisa ser aprovada até segunda-feira, 1º de junho, para não perder a validade. O relator deputado Coronel Armando (PSL-SC), da base do presidente Jair Bolsonaro, não acatou em seu texto propostas de aumento real para o piso salarial.
“Para esse ano não tem condições desta política ser implementada. Nesse momento temos de preservar emprego”, disse Armando ao Broadcast Político, se referindo à crise econômica provocada pela pandemia. Armando não acatou nenhuma das 44 emendas apresentadas à MP. Entre as emendas não aceitas, havia uma do presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, que pretendia garantir aumento real ao piso nacional já este ano.
Pela proposta, o valor subiria cerca de R$ 11 a mais em relação ao atual, o que representa mais de R$ 3,3 bilhões só neste ano. Em 31 de dezembro de 2019, uma medida provisória estipulou para 2020 o valor de R$ 1.039, com base em projeção de inflação. Mas o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que corrige o mínimo, ficou em 4,48% no ano passado.
Assim, o reajuste do salário mínimo ficaria abaixo da inflação. De acordo com cálculos do governo, o aumento de cada R$ 1 no salário mínimo implica despesa extra em 2020 de aproximadamente R$ 355,5 milhões. Com o reajuste para R$ 1.045, o impacto estimado é de R$ 2,3 bilhões.