A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou, na noite desta quarta-feira, 18 de dezembro, o impeachment do presidente Donald Trump. Ele foi considerado culpado de abuso de poder e obstrução da investigação do Congresso. A destituição do republicano foi apoiada por 230 parlamentares – eram necessários 216 votos. Outros 197 se posicionaram contrários ao afastamento.
O presidente americano, no entanto, continuará no cargo enquanto espera o resultado do julgamento no Senado, que deve acontecer em janeiro. Ele é o terceiro presidente na história dos EUA a sofrer um impeachment. Antes dele, sofreram a medida Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998, mas ambos acabaram absolvidos pelo Senado. Richard Nixon renunciou em 1974 antes de o Congresso votar as acusações contra ele.
O Senado tem 100 congressistas, dos quais 53 são republicanos, 45, democratas e dois, independentes. Para que Trump perca o mandato, é preciso que um terço dos senadores (67) vote a favor do impeachment. O relatório final diz que o presidente “traiu o cargo” ao pressionar a Ucrânia para investigar adversários políticos em benefício próprio e que os supostos crimes praticados pelo presidente “colocam o país em risco”.
A votação foi precedida por um debate que durou mais de dez horas, no qual discursaram deputados democratas e republicanos, expondo seus argumentos a favor e contra o impeachment. Trump participava de um comício em Battle Creek, Michigan. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, qualificou o presidente Donald Trump como uma ameaça contínua à democracia americana. Ele responde a duas acusações de abuso de poder e de obstrução do Congresso contra o republicano.
“Hoje estamos aqui para defender a democracia para o povo”, disse Pelosi, a democrata mais graduada do Congresso, em um discurso no plenário da Câmara depois de ler o juramento de lealdade, o que lhe rendeu aplausos de parlamentares de seu partido. Em uma carta de mais de cinco páginas em tom raivoso divulgada na terça-feira (17), Trump disse à Pelosi que “a história a julgará duramente”. Relembrando um famoso erro judicial do século 17, ele garantiu que teve menos direitos do que “aqueles acusados nos julgamentos das Bruxas de Salém”.
Além disso, em declarações a jornalistas na Casa Branca, Trump voltou a rejeitar as acusações. “É uma farsa total”, afirmou. Ao ser questionado sobre se tem alguma responsabilidade nesta crise, limitou-se a responder que “nenhuma”.
Na carta, acusou Pelosi de ser culpada. “É você que interfere nas eleições dos Estados Unidos. É você que mina a democracia americana. É você que obstrui a Justiça. É você que traz dor e sofrimento para nossa república, para seu benefício próprio – pessoal, político e partidário”, escreveu. “Isso não é nada mais do que um golpe de Estado ilegal e partidário”, insistiu Trump.
A primeira acusação diz respeito ao pedido feito por Trump à Ucrânia para que investigasse seu possível adversário eleitoral em 2020, o ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden. Em troca, Trump daria uma crucial ajuda militar para o país que enfrenta uma guerra com separatistas pró-russos. A segunda acusação se refere à tentativa de bloquear os esforços dos legisladores para investigar as ações do presidente republicano.