A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 7 de abril, o projeto de lei que permite a compra de vacinas contra a covid-19 por empresas mesmo sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O texto-base já havia recebido aval na terça-feira (6), mas ainda faltava concluir a apreciação dos destaques – propostas de alteração que poderiam mudar o teor da proposta.
Apenas três destaques foram votados, todos rejeitados. Assim, o parecer da relatora, deputada Celina Leão (PP-DF), foi mantido sem modificações. O projeto segue agora para votação no Senado. A redação do projeto permite a aquisição de imunizantes com aval de uso concedido por qualquer autoridade sanitária estrangeira “reconhecida e certificada” pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Isso libera a compra de vacinas sem o consentimento da agência que realiza análises próprias sobre segurança e eficácia de vacinas, mesmo as já aprovadas em outros países. Sob forte lobby de empresários e com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o Parlamento revisou a lei 14.125/2021, aprovada no Congresso e sancionada pela Presidência da República há menos de um mês.
O texto previa que a iniciativa privada poderia comprar vacinas, mas deveria doar todo o volume ao Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto grupos prioritários são imunizados. Depois, ainda deveria entregar metade das doses. Semanas depois, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) apresentou projeto para flexibilizar ainda mais essas exigências.
Em substitutivo a este texto, a deputada Celina Leão abriu a possibilidade de doação de somente metade das doses mesmo antes de o SUS terminar de vacinar grupos prioritários. O restante dos imunizantes deve ser aplicado de forma gratuita nos trabalhadores das empresas que comprarem os produtos, segundo as prioridades estabelecidas pelo Plano Nacional de Imunização (PNI). Empresas que não cumprirem a regra estarão sujeitas a multa equivalente a dez vezes o valor gasto na aquisição de imunizantes.