Tribuna Ribeirão
Política

Câmara aguarda laudo em janeiro

O Ministério Público Esta­dual (MPE) deverá divulgar em janeiro o relatório que vai definir o futuro do prédio anexo da Câ­mara de Ribeirão Preto, o chama­do “puxadinho”, obra que está ina­cabada e paralisada o ano passado. Após reunião com o promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Sil­veira, o presidente do Legislativo, Rodrigo Simões (PDT), disse que o parecer está praticamente concluído e deverá ser divulgado no início de 2018.

O relatório, que analisa dois laudos de engenharia sobre a obra, está sendo elaborado pelo Centro de Apoio a Execuções (CAEx), órgão do MPE criado em 2008 e que oferece suporte técnico-ope­racional e serviços de informação e inteligência às promotorias e à Pro­curadoria-Geral de Justiça do Esta­do de São Paulo, com o objetivo de melhorar a “performance” do Mi­nistério Público no cumprimento de sua missão constitucional.

O prédio já recebeu investi­mentos de R$ 6,4 milhões dos R$ 6,8 milhões previstos no contrato firmado entre a Câmara e a Ce­dro Construtora mas está longe de ficar pronto. A obra motivou a instalação de uma Comissão Par­lamentar de Inquérito (CPI) que terminou no meio do ano com a recomendação expressa de resci­são unilateral do contrato com a vencedora da licitação.

Ao longo da CPI, presidida por Otoniel Lima (PRB), ocorreu uma espécie de “guerra de laudos”. O estudo técnico elaborado por engenheiro contratado pela Ce­dro sustenta que todo o dinheiro liberado pela Câmara foi efeti­vamente aplicado no canteiro de obras e a não conclusão se deve a erros no projeto executivo, que serve de base para a licitação. Já o parecer do engenheiro convidado pela comissão, professor José Elias Laier, da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), alega que vários itens previstos no cronograma físico-fi­nanceiro não foram contemplados pela construtora.

Em meio à “guerra de laudos”, o presidente da Câmara decidiu recorrer ao Ministério Público Estadual, encaminhando os dois laudos e condicionando qualquer providência da parte da Mesa Diretora do Legislativo a uma orientação do MPE – quem deve decidir se a atual empresa continu­ará a construir o anexo será Igor Oliveira (PMDB), que assume a presidência em 1º de janeiro. Ele diz que seguirá a recomendação do Ministério Público.

Em 3 de outubro, Simões e o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) estiveram reunidos com o procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Poggio Smanio. A audiência, pedida pelo chefe do Executivo, teve por tema acele­rar o estudo sobre “puxadinho”, idealizado pelo ex-presidente Walter Gomes (PTB, preso em Tremembé por causa da Opera­ção Sevandija).

O prazo para conclusão da análise seria de 90 dias – a solici­tação de um terceiro parecer foi feita em agosto. As obras foram paralisadas no segundo semestre do ano passado – já consumiu 94,1% do valor previsto em con­trato e está longe de ser concluída. A Cedro Construtora diz que só consegue finalizar a intervenção com aporte e R$ 1,7 milhão.

O novo edifício, idealizado em 2015 com prazo de entre­ga para agosto do ano passado, deveria abrigar os gabinetes da presidência, dos dois vices e do primeiro e segundo secretários para acomodar no prédio antigo os cinco novos parlamentares da atual legislatura – o Tribunal Su­perior Eleitoral (TSE), com base na população da cidade, decidiu que Ribeirão Preto deveria ter 27 cadeiras no Legislativo, ao invés das 22 anteriores.

Além de recomendar a resci­são do contrato com a empresa, a CPI pediu encaminhamento de cópias do relatório ao MPE e ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE/SP). A Polícia Ci­vil instaurou inquérito para acom­panhar o caso, já que há a suspeita de falsificação de assinatura em um documento. A Cedro disse em nota que “segue reafirmando seu compromisso com a conclu­são da obra e acredita que a con­tinuidade do contrato é a solução técnico-econômica mais viável para atingir este objetivo”.

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