“dUmZé” está morto. Seu corpo está jogado à própria sorte numa das principais vias urbanas de Ribeirão Preto na esperança de que alguém, de coração especial, faça seu enterro e ele, finalmente, depois de muito lutar com a vida, descanse em paz. Em cena, um velho carrinho de feira expõe um pouco do que foi sua trajetória.
Morte e vida: esse é o tema da apresentação “AnDANÇA da Morte e dUmZé”, de autoria do grupo teatral APanelA, de Ribeirão Preto, que prima pelo teatro de rua e tem direção da produtora Flecha Dourada e provocação dramatúrgica de João Paulo Honorato. Encenado pelos atores Ju Marques (Morte) e Joe Bacheschi (Zé), a peça estreia nesta sexta-feira, 29 de abril, às 16 horas, no calçadão da rua General Osório, no Centro de Ribeirão Preto.
A segunda apresentação será no sábado (30), no mesmo local e horário. Nesta tradicional ação de pesar e recheada de irreverência artística, o público circulante do calçadão central será convidado a refletir sobre o tema que mexe de forma profunda com o ser humano e acompanhar o desenrolar deste ritual fúnebre com risadas garantidas. Ação popular cênica do APanelA remete ao clássico teatro grego, com suas intervenções nas ruas e praças com suas máscaras e adereços.
Contos clássicos
O projeto dUmZé é baseado em contos sobre a morte dos escritores Luiz da Câmara Cascudo (1898-1986) e Ricardo Azevedo, foi selecionado por meio do ProAc da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo para artistas iniciantes, traz uma intervenção popular singular, carregada de humor e comoção social ao abordar a relação entre morte e vida, que sempre foi muito estreita. E, para muitos, uma condição inevitável que só têm resposta nas religiões.
“dUmZé”, de acordo com Ju Marques, atriz e integrante do grupo APanelA, é destinado ao público em geral e terá como tema o olhar de um Zé, um ser social comum, de classe baixa, frente ao desequilíbrio na balança entre a vida e a morte devido ao crescente individualismo coletivo, livremente inspirado no reconto “A quase morte de Zé Malandro”, do Ricardo Azevedo e na seção de contos de morte do Câmara Cascudo.
“dUmZé, por exemplo, pode ser qualquer um que luta e resiste bravamente na impiedosa geografia social do nosso país. Nosso personagem fez de tudo um pouco: roçou terrenos, transportou no seu carrinho de feira todo tipo entulho, vendeu picolé, cortou gramas… dUmZé foi um resistente diante do individualismo social e da falta de empatia com a população mais fragilizada socialmente. dUmZé somos todos nós”, avalia Ju Marques. Em 14 de maio, sábado, às 18 horas, a apresentação será na Biblioteca Sinhá Junqueira com intérprete de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).
Demais apresentações
Dia 5 de maio: às 16h30
Dia 6 de maio: às 9h30 e às 16h30
Dia 7 de maio: às 17 horas
Dia 13 de maio: às 9h30
Dia 14 de maio: às 18 horas na Biblioteca Sinhá Junqueira com apresentação com Libras