Tribuna Ribeirão
Economia

Café já acumula inflação de 8,31%

O hábito de tomar o tra­dicional cafezinho, tão valori­zado pelo brasileiro, está cus­tando mais. Levantamento da Associação Paulista de Super­mercados (Apas) mostra que o preço do produto nas gôndolas acumula alta de 8,31% no ano (janeiro a julho).

Uma combinação de fatores responde pelo fenômeno: a va­lorização do produto no mer­cado externo, a previsão de uma safra menor em 2021 e a queda da produção do terceiro maior produtor mundial, a Colômbia, o que deve pesar na exportação da commodity brasileira.

“O preço da saca quase que dobrou em um ano e o volume exportado pelo Brasil cresceu 17%”, explica Ronaldo dos San­tos, presidente da Apas. Além disso, deve ocorrer uma redução na produção do arábica (28,5%) em relação à safra de 2020, devi­do queda de produtividade.

“Apesar das geadas em ju­lho terem prejudicado alguns produtores, é importante ressal­tar que ela ocorreu na segunda quinzena do mês, época em que mais de 60% da safra de 2021 já havia sido colhida”, afirma Ro­naldo dos Santos.

Mesmo assim, foi o suficien­te para produzir mais estresse nos preços do café, que não dispõem de estoques públicos. O produto ainda deve sofrer uma possível pressão nos pre­ços futuros. Além da geada nas plantações, já era esperada uma redução de 20% na produção do produto neste ano em compara­ção com 2020.

O Índice de Preços dos Su­permercados (IPS) é calculado pela Associação Paulista de Supermercados em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A inflação no setor supermer­cadista apresentou ligeira osci­lação de janeiro a julho.

Em sete meses, o aumen­to foi de 4,07% – no mesmo período do ano passado, o acumulado apontou 4,99%. A inflação em julho deste ano fe­chou em 1,10%, ante 0,60% do mesmo mês do ano passado e 0,55% de junho de 2021.

O acumulado em doze meses está em 14,01%. Era de 8,07% em julho de 2020 e de 13,44% até junho deste ano.

Abic
O preço do café que chega à mesa do consumidor deve au­mentar entre 35% e 40% até o fim de setembro. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que aponta uma série de fatores para explicar a iminente alta do preço, como a queda da produtividade devido às condições climáticas adversas e a maior demanda do mercado externo.

“Este ano, há uma soma de fatores como não se via desde o início da década de 1990. O dólar está extremamente alto, o que, ao mesmo tempo que eleva os custos de produção, amplia a demanda externa [ao tornar o produto brasileiro financeiramente mais atraen­te”, diz o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio.

“Além disso, após colher­mos uma excelente safra em 2020, a produção, que este ano já seria menor, foi prejudicada pela falta de chuvas e por su­cessivas geadas”, explica, apon­tando as condições climáticas como o principal fator para a redução da produção.

Previsão de safra
De acordo com a Compa­nhia Nacional de Abastecimen­to (Conab), a safra atual não deve ultrapassar 48,8 milhões de sacas de 60 quilos de grãos. Se atingida, esta marca representa­rá um resultado 22,6% inferior ao da temporada anterior. Situ­ação que, conforme alertam os técnicos da empresa pública, pode se agravar caso a seca em regiões produtoras se prolon­gue por mais tempo.

Sobre a Apas
Com 50 anos de tradição, a Associação Paulista de Super­mercados representa o essen­cial setor supermercadista no Estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abas­tecimento com a sociedade. A entidade possui três distritais na cidade de São Paulo e 13 regionais distribuídas estrate­gicamente pelo estado.

Conta hoje com 1.505 su­permercados associados que somam 4.315 lojas. A Regional Ribeirão Preto emprega cerca de 31 mil pessoas trabalham em supermercados nesta região. É composta por 78 cidades e pos­sui 116 associados em toda sua área de cobertura. O empresário Rodrigo Canesin, do Supermer­cado Canesin, é o atual diretor regional da entidade.

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