A venda e a locação de imóveis na região de Ribeirão Preto, no mês de agosto, caíram em comparação com o mês anterior. A queda foi registrada em pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Crecisp). O levantamento foi realizado com corretores e imobiliárias das cidades de Batatais, Guariba, Jaboticabal, Mococa, Monte Alto, Orlândia, Pitangueiras, Ribeirão Preto, São Simão e Sertãozinho.
Segundo o Crecisp, as vendas, nestas cidades, caíram 23,14%, sendo que a comercialização de casas diminuiu 66,67 % e a de apartamentos 33,33 %. Em imóveis com valor até R$ 300 mil a queda foi de 7,62%. Já a locação teve uma retração de 29%, sendo de 71,43% em casas e de 28.57% em apartamentos. O levantamento revelou ainda, que 62% dos imóveis comercializados têm os financiamentos como a principal forma de aquisição.
A queda na comercialização e locação – na região – interrompeu um período de crescimento de três meses verificado em todo o estado, segundo pesquisas anteriores realizadas pelo Crecisp. Levantamento realizado em julho mostrou que as vendas de imóveis usados haviam crescido 7,12% em julho sobre Junho, acumulando no ano saldo positivo de 31,36%. A locação de imóveis residenciais também havia aumentado em julho, uma ligeira alta de 0,41% em relação ao mês anterior, com saldo de 22,18% nos sete meses decorridos desde janeiro.
Para Vicente Golfeto, coordenador do Instituto de Economia Maurílio Biagi da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP) é importante observar que setores como o da construção civil ainda estão se acomodando, já que os reflexos e incertezas da pandemia ainda perduram.
“Os dados da pesquisa, apontando arrefecimento do mercado de um mês e outro, podem indicar apenas uma mudança de momento ou uma tendência. Por isso é fundamental acompanhar sua evolução ao longo dos próximos meses. Por outro lado, a pesquisa aponta o quanto os financiamentos são fundamentais para aquisição de imóveis, indicando o impacto negativo que a alta de juros pode ter sobre este mercado”, analisa.
Para ele, com a retomada das atividades econômicas no país e o avanço no processo de vacinação, espera-se que, em média, a maioria dos mercados, como o imobiliário, seja afetado positivamente, uma vez que a pandemia representou um grande freio na economia mundial.
Ele explica que, segundo o índice FipeZap que acompanha o preço médio de imóveis residenciais em 50 cidades brasileiras, o comportamento do preço médio de venda de imóveis residenciais apresentou elevação de 0,43% em setembro, após alta de 0,50% em agosto. Fatores como o aumento do nível geral de preços e da taxa básica de juros tem influenciado na decisão dos indivíduos em comprar ou alugar um imóvel.
“Além disso, outro fator que tem deixado o mercado imobiliário agitado nos últimos tempos, a nova proposta sobre Imposto de Renda que atualmente está em fase de tramitação. O projeto de lei prevê algumas medidas que devem elevar os custos tributários. Um dos pontos do projeto que mais afetam o setor é a tributação de 15% sobre a distribuição de aluguéis de fundos de investimentos, hoje isentos. Esse tipo de ativo tem a função econômica de financiar empreendimentos no mercado imobiliário, ou seja, com o fim da isenção tributária, há um desincentivo para esse tipo de ativo”, analisa Golfeto.
Golfeto argumenta também que o setor imobiliário e outros setores da economia poderão se beneficiar de uma possível recuperação da produção, demanda e do emprego. Para 2022, espera-se uma desaceleração da taxa de crescimento dos preços e a recuperação da renda das famílias. Entretanto, a retomada das atividades não provocará mudança repentina nos custos imobiliários.