Taís Roxo da Fonseca *
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Um show histórico da Banda de Orquestra Cubana Buena Vista Social Club, ocorreu neste último sábado de março aqui em Ribeirão Preto. Logo nos primeiros instantes do espetáculo já percebia que viveria um momento de arrasar coração, quando os cubanos, independentemente de categorias e preços pagos pelos ingressos, pediram para todos se aproximarem do palco.
Arriba! Al borde! Todos se acercan! E assim começou uma viagem musical pelo tempo e história de um povo que lutou com muita dignidade pela sua liberdade, dizendo não a fome, não a mortalidade infantil e não ao analfabetismo. Lá a criança já nasce com um instrumento musical nas mãos, a música está na grade curricular desde o começo da vida. Aqui no Brasil, o maestro e compositor Vila Lobos, em 1934 conseguiu introduzir a música no currículo escolar , mas teve posteriormente esse sonho interrompido em 1970, como muitos outros que se tivessem sido levados adiante agora ao certo seríamos um povo mais feliz .
Em países como a Suécia onde aparece nas estatísticas por possuir uma das populações mais felizes do mundo, o direito comparado sueco ensina que os governantes eleitos não podem interromper ou cessar direitos conquistados, eles somente podem aumentar direitos, diminuir nunca, situação essa que confere uma enorme segurança e estabilidade ao cidadão sueco.
“Como esto tal vez seríamos más felices”, como foi com o Buena Vista Social Club, um projeto musical que envolve músicos cubanos de vanguarda que foram descobertos por Ry Cooder, um musico americano, através de uma viajem a Havana em 1996. Lá ele reuniu grandes músicos como Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Omara Portuondo, Ruben Gonzalez, alguns já mortos.
O Buena Vista gravou discos, tocou no famoso Carnegie Hall em Nova York e ainda inspirou o documentário homônimo do cineasta alemão Wim Wenders. Há quase trinta anos esses cubanos que jamais tinham subido em um avião, ganharam o mundo. Um de seus músicos, o lendário Ibrahim Ferrer, um engraxate e jornaleiro cubano, desde que conheci a banda foi o meu predileto, não por ser melhor que os outros músicos mas porque se parecia com meu avó Dante Fonseca e por essa razão ele me emocionava mais que todos.
No show de sábado, o Ibraim não mais estava porque já morreu, mas havia um outro músico no palco que chamou a atenção, tocava atabaque e tinha uns 90 anos ou mais, ele pulou do palco com o instrumento nas mãos permitindo que cantássemos com ele um repertório impecável composto por besame mucho, quizás quizás quizás, over the Rainbow, chan chan, candela, dos gardênias e muito mais, levando a plateia ao total delírio.
Existem assuntos que no Brasil viram tabus como por exemplo falar de suicídio, do trabalho escravo, de política e demais problemas importantes, mas ao contrário disso, devemos falar abertamente sobre tudo e muito mais, para tentarmos descobrir o porque de tanto desrespeito aos direitos do povo brasileiro.
Uma mulher ou um homem com intenções eleitoreiras, seja de esquerda ou direita para almejar um pleito eleitoral, antes deveria sonhar com a liberdade de seu povo como um dia sonhou Fidel Castro e Che Guevara. Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.
* Advogada