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Brockhampton inunda a internet com músicas e paixão pelo negócio

Por Guilherme Sobota

A definição do que é uma “boy band” passa por uma redefinição nos EUA graças ao trabalho do Brockhampton, um grupo de artistas baseados em Los Angeles. Em 2017, eles produziram três discos, um caminhão de vídeos e promoveram um trabalho apaixonante e original de relação com os fãs na internet.

Com mais de um milhão de ouvintes mensais no Spotify, outros milhões de visualizações no Youtube e um incrível 15º lugar na parada da Billboard deste início de ano com o “Saturation III”, lançado no último dia 15, o Brockhampton se consolida como uma das grandes revelações da música pop recente com deliciosas contradições e explorando novas frentes na efervescente cena do hip-hop americano. Sem contrato com nenhuma grande gravadora e mesmo com pouco dinheiro (são 14 jovens artistas, entre rappers, produtores, designers e empresários), o grupo se denomina a “primeira boy band da internet”.

Em 2017, foram três álbuns: “Saturation” 1, 2 e 3: e a ideia era mesmo criar uma “saturação” de novas músicas na rede. O que é incrível é que as canções – que o coletivo produz numa casa em North Hollywood, onde vivem juntos – tiveram enorme acolhida do público e grande repercussão crítica. Isso porque o hip-hop produzido pelo grupo vai às fronteiras do gênero para discutir identidades, autoaceitação e para falar sobre a incrível experiência de ser jovem.

“Alguém tem o número de telefone do Harry Styles?”, pergunta o líder do grupo, Kevin Abstract, em Johnny, do “Saturation III”. “Ok, eu liguei e me disseram que era o número errado”, brinca, sobre o cantor britânico líder da mais recente boy band “tradicional”, o One Direction. “Porque você faz tanto rap sobre ser gay?”, questiona em Junky, do “Saturation II”. “Porque não tem muitos caras fazendo rap e sendo gays”, completa.

Em uma das raras entrevistas que o Brockhampton concedeu à mídia americana, uma repórter da MTV perguntou por que o grupo lançou tanta música em 2017. A resposta curta e seca de Dom McLennon, de 24 anos, um dos rappers do grupo, resume bem o sentimento com que o Brockhampton encara a indústria: “porque nós podemos”.

“Eu queria ter a minha própria dinastia”, disse Kevin Abstract (21 anos) ao site “The Fader”. “Acho que o que estamos fazendo nunca foi feito antes porque por um lado somos uma boy band e por outro somos essa empresa de mídia e agência. Também queremos ser uma gravadora” – ele cita como inspirações a Def Jam e a Apple, “que começou numa sala pequena e se tornou essa grande corporação. É basicamente o que eu quero ser.”

As palavras podem parecer arrogantes no papel, mas ao observar a dinâmica de trabalho do Brockhampton fica claro que uma possível nova definição de coletivo hip-hop – tradição do gênero que deu ao mundo o Wu-Tang Clan e o Odd Future – surgiu em 2017. Se alguém definir o ano que terminou como a “Era Saturation”, provavelmente não estará exagerando nem um pouco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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