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Brics ignora crises na América Latina

VALTER CAMPANATO/ AG.BR.

Os países do Brics (Brasil, Rús­sia, Índia, China e África do Sul) não chegaram a um consenso e ignoraram o tema das agitações políticas e sociais na América Latina, após a 11ª reunião de cú­pula. A Declaração de Brasília, mensagem formal negociada en­tre os cinco líderes do bloco e suas delegações diplomáticas, contém um capítulo de “conjunturas re­gionais”, onde teria sido possível incluir a questão.

Apesar de esforços do gover­no Jair Bolsonaro para sensibili­zar Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia), Narendra Modi (Índia) e Cyril Ramaphosa (África do Sul), aproveitando a presença deles no continente, há divergência aberta entre a políti­ca externa brasileira e as demais no caso da Venezuela. Já em re­lação à Bolívia, Rússia e China seguem caminhos diferentes dos demais integrantes do Brics.

“Reafirmamos nosso compro­misso com os esforços coletivos para a solução pacífica de contro­vérsias por meios políticos e diplo­máticos e reconhecemos o papel do Conselho de Segurança da ONU como principal responsável pela manutenção da paz e segu­rança internacionais”, afirmaram os países na Declaração.

São dedicados parágrafos in­teiros para tratar dos conflitos no Oriente Médio, Ásia e África, en­tre eles, no Iêmen, Golfo, Afega­nistão, Península Coreana, Síria, Líbia e Sudão. Em geral, os países do Brics apoiam esforços de ajuda humanitária e rechaçam interven­ções militares. O Brics trata, como de costume, da questão entre Isra­el e Palestina e opina que a solução é a constituição de dois Estados.

Os cinco países pedem es­forços diplomáticos “novos e criativos”. Com aval do Brasil, foram retirados os trechos que mencionavam, na declaração do ano passado, o apoio à Agência das Nações Unidas de Assistên­cia aos Refugiados da Palestina e o que travava o status de Je­rusalém – cidade disputada por israelenses e palestinos – como última das questões a ser nego­ciada entre os dois lados.

Bolsonaro chegou a prome­ter a transferência da embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jeru­salém, num sinal de alinhamen­to com Israel e Estados Unidos, mas recuou em meio a receio de retaliações dos países árabes. Assim como apareceu no dis­curso dos líderes, o combate ao terrorismo é um destaque da de­claração, que também expressa “preocupação com o sofrimento de comunidades e minorias vul­neráveis étnicas e religiosas”.

Por pressão de parlamenta­res e igrejas evangélicas, a política externa brasileira adotou como bandeira no governo Bolsonaro a defesa da liberdade religiosa e da não perseguição a cristãos em países onde são minoria. O bloco também se posicionou de forma inédita em defesa do princípio da soberania nacional. Além de uma menção conceitual ao tema, vin­culada ao “respeito mútuo e igual­dade”, os Brics afirmaram a neces­sidade de os países respeitarem a soberania nos esforços internacio­nais para preservação ambiental, tema caro ao Brasil por causa das recentes queimadas na Amazônia.

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