Por Eliana Silva de Souza
No ar há quase 60 anos, a série britânica Dr. Who acompanha as aventuras de um viajante no tempo e no espaço com sua nave Tardis. Conhecido somente como Doutor, ao longo desse tempo, o personagem foi vivido por 11 atores diferentes, o que foi possível pelo seu poder de regeneração. Outra curiosidade é o fato de sempre contar com algum ator de nacionalidade diferente em seus episódios. E foi a oportunidade agarrada pela atriz Gabriela Toloi, que participou do episódio Praxeus, sendo a primeira brasileira a estar na atração.
Morando em Londres, a jovem atriz de 24 anos diz que conseguiu integrar o elenco da produção após ser chamada para fazer um teste para a BBC. “A emissora escolheu me ver para os testes presenciais, então, tive de preparar duas cenas e gravar de forma remota, que é o típico self-tape: uma parede branca, você se senta na frente, bem cru, e faz a cena com alguém lendo o texto atrás da câmera.”
Tudo acertado entre as partes, lá foi Gabriela para o estúdio, entrando nessa viagem de ficção científica criada por Sydney Newman, C.E. Webber e Donald Wilson e que entrou no ar em 1963. O papel foi curto, mas que mostrou à atriz como é feita uma produção desse porte. Na trama, ela interpreta a blogueira Jamila Velez, que viaja por diversos lugares do mundo junto com uma amiga. “Elas passam por lugares bonitos e documentam isso em forma de vídeo, mas uma das jornadas toma outro rumo quando chegam ao Peru.” Com o objetivo de capturar mais imagens incríveis, as duas visitam um local que seria perfeito para isso, mas descobrem que o mesmo foi transformado em um lixão. “Elas decidem acampar ali mesmo assim, e é aí que a trama do episódio se inicia, quando descobrimos que tem um vírus atacando pessoas, e minha personagem é atacada”, revela.
Gabriela afirma que o que mais gostou nessa empreitada foram as cenas externas, momento em que a equipe de arte trabalhava e como aquilo se parecia com uma dança. “Na cena em que sou atacada por um pássaro, eles transformaram um lugar lindo, as vinícolas de Stellenbosch, na Cidade do Cabo, em um lixão”, conta a garota, enfatizando que tudo foi um show de profissionalismo, pois, “em questão de um dia montaram e desmontaram tudo. Aquela dança, aquela organização toda me impressionou de tal maneira”.
Comparando esse trabalho internacional com o que já fez por aqui, no caso a série Psi, a brasileira conta que a forma de trabalhar é muito parecida, desde o momento dos testes, pré-produção, até o da produção em si e pós-produção, mas Dr. Who cria um entorno recheado de fofocas. “Tive de assinar inúmeros contratos de confidencialidade”, revela a atriz, que disse ter gravado sua participação na série um ano antes de ser exibida, “e não podia falar nada, ninguém podia saber”. Até sua família, quando ela revelou o trabalho, recebeu o pedido clemente dela: “pelo amor de Deus, não contem para ninguém nem de brincadeira”.
A brasileira acha que Dr. Who é importante não só na Inglaterra, mas em outros países, como o Brasil, que pode ser vista no Globoplay. “É aquela série que no domingo à noite o inglês senta para assistir e se diverte, e isso acabou sendo disseminado para o mundo, e eu fico muito feliz de ter feito parte disso.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.