Por Paulo Favero
Todo atleta sabe que a conquista de uma medalha olímpica começa no início de sua carreira. Mas há outros fatores que contribuem. No caso dos Jogos de Tóquio, passará inevitavelmente pela aclimatação no Japão, que tem culinária e cultura diferentes das que os brasileiros estão acostumados e um fuso horário de 12 horas de diferença.
Pensando nessa reta final, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) negociou a instalação de nove bases que servirão aos atletas durante os Jogos de Tóquio, que serão disputados entre 24 de julho e 9 de agosto. Em comum, todas têm semelhanças e uma estrutura mínima, mas também cada uma foi personalizada de acordo com as modalidades que vão receber.
“Trabalhamos com um conjunto de informações. Vamos pelo planejamento das confederações e procurando saber como se adaptam ao clima da vila olímpica. Para algumas modalidades é importante chegar mais cedo, para outras é interessante chegar mais tarde. Aí vamos juntando informações e organizando um planejamento de aclimatação”, explica Sebastian Pereira, gerente de alto rendimento e Jogos e Operações Internacionais do COB.
Só para se ter uma ideia, ao todo 333 atletas e comissões técnicas passaram pelas bases de aclimatação no Japão para treinamentos e simulações das operações nos locais entre 2018 e 2019. Os quartéis-generais serão instalados em Hamamatsu (que também receberá a delegação brasileira para os Jogos Paralímpicos semanas depois e que conta com uma grande colônia de brasileiros), Saitama, Sagamihara, Ota, Chiba, Enoshima, Miyagase, Koto e Chuo.
Nesse período de preparação, diversas modalidades usufruíram das sedes. As seleções de handebol estiveram em Ota, em 2018, e passaram pelas outras cidades atletismo, judô, caratê, maratona aquática, natação, vela e vôlei. Segundo o COB, no total foram realizadas seis ações em 2018 e oito em 2019 em cinco bases exclusivas para o Time Brasil e uma instalação oficial dos Jogos de Tóquio.
“É importante frisar que o COB foi uma das primeiras entidades a visitar o Japão com vistas ao planejamento olímpico, no ano de 2014. Com isso, conseguimos realizar em conjunto com o Comitê Olímpico do Japão uma troca de experiências e ajuda mútua, assim como ajudamos o COJ a se instalar para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016”, conta Paulo Wanderley, presidente do COB.
Para além da questão de fuso horário e alimentação com comidas brasileiras, existe uma situação que requer uma logística perfeita durante a Olimpíada. A Vila dos Atletas, local de estadia dos esportistas durante o momento em que estão competindo no Japão, tem uma lotação máxima por delegação. Com isso, cada país precisa organizar direitinho quando uma modalidade dá entrada na vila no lugar da outra que encerrou sua participação.
“No início dos Jogos tem espaço suficiente para todo mundo. Já na segunda semana de competição não tem espaço. Funciona no esquema de ‘cama quente’, ou seja, uma modalidade precisa sair e dar espaço para a outra. É um xadrez que a gente faz e, principalmente para as modalidades da segunda semana, precisamos oferecer uma boa estrutura de treinamento para aclimatação”, afirma Sebastian Pereira.
LAR DOCE LAR – Pensando no bem-estar dos atletas, o COB terá em suas bases no Japão alguns serviços comuns a todas elas. Entre as facilidades estão refeições com comidas brasileiras, espaços para fisioterapia, massoterapia e atendimento médico, lavanderia e salas de reunião. Em Ota, pertinho de Tóquio, o COB montará sua base de operação. Lá fará a entrega das malas de uniformes. O espaço é grande, para comportar 60 mil peças.
Além das nove bases, o COB vai ajudar seus atletas em duas subvilas. A primeira é Izu, distante 140 km, que vai receber o ciclismo de pista e o mountain bike. A expectativa é ter três atletas e quatro membros de delegação. Outra localidade é Sapporo, distante 1.100 km por carro e 900 km por avião, que vai receber a maratona e a marcha atlética. A mudança, para tão longe de Tóquio, ocorreu por causa do calor na sede dos Jogos. A estimativa é que quatro atletas estejam nesta subvila, com seis membros de delegação. “Estamos empenhados em ter uma excelente preparação final para Tóquio”, conclui Paulo Wanderley, esperançoso por um bom resultado em Tóquio.