Tribuna Ribeirão
Economia

Brasil tem 61 milhões de devedores

Foto: Pixabay (Imagem ilustrativa)

A melhora gradual da con­juntura econômica somada a algumas ações pontuais, como campanhas de renegociação de dívidas e a liberação dos recur­sos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) con­tribuíram para aliviar o bolso do brasileiro neste início de ano, segundo dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Os dados mostram que o volume de brasileiros com con­tas em atraso caiu pelo segun­do mês seguido e encerrou o ano de 2019 com uma pequena queda de -0,2% na comparação com o ano anterior. A título de comparação, em 2018 o indica­dor havia encerrado o ano com uma alta expressiva de 4,4% no número de inadimplentes. A estimativa é que aproximada­mente 61 milhões de brasilei­ros tenham começado o ano de 2020 com alguma conta em atraso e com o Cadastro de Pessoa Física (CPF) restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas.

Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizza­ro Júnior, a inadimplência mais bem-comportada neste início de ano reflete um cenário de recuperação de crédito, impul­sionado pelas campanhas de renegociação promovidas no fim do ano passado. “A expec­tativa é de que a inadimplência siga em queda pelos próximos meses, mas a passos lentos. A aceleração desse quadro passa pela continuidade da melhora econômica e, em especial, da­quilo que toca diretamente o bolso do consumidor: emprego e renda”, diz.

Somando todas as pen­dências, cada consumidor inadimplente deve, em mé­dia, R$ 3.257,91. Já descon­tando os efeitos da inflação, os valores observados agora são 30% menores do que no início da série histórica, em 2010 (R$ 4.238,32). De modo geral, pouco mais da meta­de (52,8%) dos brasileiros inadimplentes têm dívidas em atraso de até R$ 1.000 e 47,2% acima desse valor.

Em dezembro, o recuo mais expressivo da inadimplência na comparação anual se deu nas dívidas com o setor de comunicação, que englobam contas de telefonia, internet e TV por assinatura: queda de -16,4%. As dívidas bancárias, que levam em conta cartão de crédito, cheque especial, em­préstimos e financiamentos, caíram -1,9%. Já as dívidas con­traídas no comércio via crediá­rio subiram 0,9%, enquanto as pendências básicas com água e luz cresceram 2,1%. No geral, considerando todos os tipos de dívidas em atraso, houve queda de -3,3% na comparação anual.

No Sudeste, a queda foi pe­quena e ficou em 0,7%, com 37,4% ou 25,2 milhões de pes­soas com contas em atraso. O indicador ainda mostra que a inadimplência tem apresenta­do comportamentos distintos, conforme a faixa etária. No úl­timo mês de dezembro, houve queda expressiva na parcela mais jovem da população, en­quanto observou-se uma alta entre os mais velhos na com­paração com o mesmo mês do ano anterior. Considerando a população de 18 a 24 anos, houve queda de 21% na quanti­dade de inadimplentes. Já entre os idosos de 65 a 84 anos, a alta foi de 3,7%.

O número de devedores também caiu entre os que têm de 25 a 29 anos (-11,2%) e de 30 a 39 anos (-3,2%). Consi­derando as pessoas de 50 a 64 anos, houve uma alta de 1,8% na inadimplência, ao passo que ela ficou em apenas 0,8% entre os de 40 a 49 anos. “A perma­nência maior dos idosos no mercado de trabalho e, portan­to, mais ativos no mercado de consumo, assim como a renda menor este estágio da vida, são fatores relevantes que impul­sionam a inadimplência neste público. Há ainda o hábito que alguns idosos possuem de em­prestar o nome a terceiros, ge­ralmente familiares, principal­mente diante da facilidade de acesso ao crédito consignado. Com o desemprego alto, em muitas famílias o idoso que re­cebe a aposentadoria é a única fonte de renda”, analisa a eco­nomista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

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