Depois de ultrapassar a Itália em número de mortes pelo novo coronavírus, o Brasil agora superou a barreira de 35 mil óbitos em decorrência da infecção pelo Sars-CoV-2. Nesta sexta-feira, 5 de junho, o governo Jair Bolsonaro anunciou mais 1.005 falecimentos em 24 horas – quase 42 a cada 60 minutos (41,8) –, elevando o saldo da covid-19 para 35.026 vítimas fatais, alta de 2.9%.
Por quatro dias consecutivos, o país contabilizou mais de mil mortes e mais de 28 mil novos casos confirmados da doença no período de 24 horas: foram 30.830 de quinta-feira (4) para ontem e agora já são 645.771 pessoas contaminadas, aumento de 5% em comparação com os 614.941 do dia anterior. Segundo o Ministério da Saúde, 11.977 pacientes foram recuperados em um dia.
A pasta alterou o método de divulgação dos dados, omitindo algumas informações – não informa os números totais de mortes e casos, seja nacional ou por estados, nem, a quantidade de óbitos em investigação. Não divulga mais o total de pacientes recuperados ou em acompanhamento e deixou de apresentar sinal de tendência para o número de falecimentos ou de casos.
Entre as nações com óbitos pela covid-19, o Brasil só está atrás dos Estados Unidos (109.042 óbitos) e Reino Unido (40.344 óbitos), no total de vidas perdidas para a doença. O país ainda não atingiu o pico de casos do novo coronavírus, mas Estados e municípios já anunciaram planos de flexibilização das quarentenas e de retomada das atividades econômicas.
Países que já viveram o agravamento da pandemia só começaram a relaxar as restrições de circulação ao menos um mês depois do pico da doença. Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Espanha esperaram, em média, 44 dias após o pico para flexibilizar as quarentenas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipulou critérios para que os países retomem suas atividades.
A entidade alertou em abril que os países não podem reabrir sem ter capacidade para identificar onde o vírus está, isolar os casos, mapear as redes de transmissão e ter leitos para tratar todos os pacientes. O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que o Brasil pode deixar a OMS caso o órgão mantenha uma atuação “partidária”.
O presidente, que tem contrariado orientações do órgão internacional sobre o combate à pandemia do coronavírus, afirmou que “não precisa de gente lá fora dando palpite na saúde aqui dentro”. Já na sexta-feira, 5, o Ministério da Saúde, mais uma vez, deixou de fazer a entrevista coletiva para prestar esclarecimento sobre as ações relacionadas ao combate da covid-19.
Quando as coletivas acontecem, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, não participa. As perguntas ao ministério têm sido respondidas por secretários substitutos, que negam-se a responder temas mais espinhosos. Após o terceiro dia seguido em que a pasta atrasa a divulgação do número de mortos e infectados pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro indicou ser proposital a mudança no horário.
“Acabou matéria no Jornal Nacional”, disse o presidente, em referência ao telejornal noturno da TV Globo, que detém a maior audiência do País. Questionado, Bolsonaro não confirmou ter partido dele a ordem para que os dados, antes entregues por volta das 19 horas, sejam apresentados apenas às 22 horas. “Não interessa de quem partiu (a ordem). Acho que é justa essa ideia da noite, sair o dado completamente consolidado”, disse o presidente em entrevista na noite desta sexta-feira em frente ao Palácio da Alvorada.