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Brasil precisa cuidar de seus professores

Uma pesquisa realizada em 35 países, divulgada no início deste mês pela Varkey Foundation, entidade dedicada à melhoria da educação mundial, mostrou que o Brasil caiu para último lugar no ranking de status do professor. Ou seja, menos de 1 em cada dez brasileiros acha que professor é res­peitado em sala de aula.

O que falta para o Brasil valorizar seu corpo docente?

Se o país pretende zelar pela educação, precisa cuidar dos seus professores. Não basta somente falar o que o professor precisa ensinar. E necessário dar ferramentas para que ele se sinta capaz de ensinar. O corpo docente está descrente de sua própria atuação.

É muito importante ressaltarmos, dentro dessa estatística, que o Brasil está no topo da Síndrome de Burnout. O nível de estresse dos professores interfere diretamente nas ativida­des didáticas. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz uma proposta de se trabalhar essas competências socio­emocionais na grade curricular, mas esse professor não foi formado para lidar com emoções e desafios de famílias cada vez mais desestruturadas emocionalmente, não foi preparado para lidar com a falta de respeito, desmotivação, desinteresse e ansiedade dos alunos.

Uma pesquisa feita em uma grande cadeia de escolas privadas do Brasil constatou que 60% dos professores não acreditavam que seus alunos iriam ter sucesso na vida social, profissional e familiar. Existem duas vertentes: o professor não acredita no potencial do aluno. Então como investir em algo em que não se crê? A outra é o professor não entender que ele é o agente transformador deste cenário. Essa camada é mais profunda: obviamente são necessárias medidas de remu­neração, de clima organizacional e plano de carreira, porém a questão psicológica precisa ser igualmente acompanhada e analisada.

O professor está cansado e desmotivado em sala de aula e se não receber ferramentas socioemocionais para que cuide de sua qualidade de vida, o país jamais conseguirá mudar este cenário. Ele precisa de ferramentas para gerenciar a sua ansiedade, trabalhar a sua frustração quando o aluno não corresponde à sua expectativa, gerenciar a carga de trabalho, a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) e trabalhar os aspectos psicossomáticos (como dores de cabeça, musculares e taquicardia, antes de entrar em uma sala de aula).

Somente será possível tirar o Brasil desta lástima que é o último no lugar em prestígio do professor se ocorrer uma mudança na educação a partir de um olhar multifocal. O país possui inúmeros bons recursos pedagógicos, mas as escolas ainda carecem de recursos humanos.
Se o Brasil cuidar do que envolve emocionalmente cada professor, estará indiretamente investindo em cada aluno. Uma nação é feita de homens e livros. Este país não pode se esquecer de seus educadores.

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