O Brasil ficou na última posição em um estudo que analisou a resposta governamental à pandemia de Covid-19 em 98 países. A análise foi feita pelo Lowy Institute, uma instituição de pesquisa em política internacional independente e apartidária, sediada em Sidney, na Austrália.
O instituto analisou seis métricas relacionadas à pandemia (casos confirmados, mortes confirmadas, casos confirmados por milhão, mortes confirmadas por milhão, casos confirmados em proporção aos testes, testes por mil habitantes), considerando um período de 36 semanas a partir do 100º caso registrado no país.
Foram usados dados disponíveis até 9 de janeiro de 2021, tomando como base para os números de cada dia uma média móvel dos 14 dias anteriores. Uma média dos seis indicadores foi calculada para cada país e normalizada para produzir um resultado que vai de zero (pior desempenho) a 100 (melhor desempenho).
O melhor resultado no ranking foi da Nova Zelândia, com 94,4 pontos. O país agiu cedo e praticamente conseguiu erradicar o vírus ao fechando suas fronteiras e tomar medidas drásticas de isolamento. Completando os “top 5” estão o Vietnã (90,8), Taiwan (86,4), Tailândia (84,2) e Chipre (83,3).
A Inglaterra está na 66ª posição (37,5), e os EUA na 94ª (17,3 pontos). Colômbia (96ª posição, 7,7 pontos), México (97ª posição, 6,5 pontos) e Brasil, na lanterninha com 4,3 pontos, são os únicos países com uma pontuação abaixo de 10. A China não aparece no ranking, já que segundo os autores faltam dados de diagnóstico disponíveis ao público.
A influência política no combate à pandemia
Os dados do estudo não apontam uma vantagem clara sobre um ou outro sistema político no combate à pandemia. “Apesar das diferenças iniciais, o desempenho de todos os tipos de regime no combate ao coronavírus convergiu ao longo do tempo. Em média, os países com modelos autoritários não tiveram nenhuma vantagem prolongada na supressão do vírus”, diz o texto.
“De fato, apesar de um início difícil e algumas exceções notáveis, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, as democracias tiveram um sucesso marginalmente maior do que outras formas de governo no tratamento da pandemia durante o período examinado”. Entretanto, a influência da posição dos chefes de governo perante a crise não pode ser ignorada.
Atualmente os EUA são o país com o maior número de casos (25,6 milhões) e mortes (430,6 mil), segundo dados da Johns Hopkins University. O Brasil está em terceiro lugar no número de casos (praticamente 9 milhões), e em segundo no número de mortes (220,1 mil).
Os dois países tem características em comum durante o período analisado, como um sistema político profundamente dividido que politizou a doença, presidentes negacionistas que minimizaram sua gravidade, ridicularizaram o uso de máscaras, se opuseram ao confinamento e acabaram sendo infectados pelo vírus, junto com um grande número de secretários, ministros e assessores.