Apesar das constantes negativas da Rússia de que esteja mirando em prédios civis, um bombardeio atingiu um shopping center de Kiev na noite de domingo, 20 de março, matando pelo menos oito pessoas e destruindo prédios próximos. Nesta segunda-feira (21), autoridades de Odessa acusaram as forças russas de realizar um ataque a edifícios residenciais.
O ataque com mísseis russos reduziu o amplo shopping center Retroville em Kiev a uma ruína fumegante, um dos ataques mais poderosos a abalar o centro da capital ucraniana desde o início da guerra no mês passado. Autoridades da cidade confirmaram ao menos oito pessoas mortas, embora o número provavelmente aumente.
Poder de fogo
A explosão foi tão poderosa que jogou escombros a centenas de metros em todas as direções, sacudiu prédios e derrubou uma parte do shopping transformando o estacionamento em um mar de chamas. Nesta segunda-feira, cerca de oito horas após o ataque, os bombeiros ainda lutavam contra as chamas enquanto soldados e equipes de emergência vasculhavam os escombros em busca de sobreviventes ou vítimas.
Embora Kiev esteja sob bombardeio há semanas, o alcance da devastação ao redor do shopping foi maior do que qualquer coisa relatada pela imprensa até agora, segundo o The New York Times. As forças armadas ucranianas travaram batalhas ferozes nas cidades ao redor de Kiev e conseguiram empurrar as forças russas de volta a alguns lugares.
Shopping
Com Kiev aparentemente fora do alcance da artilharia, a Rússia recorreu a foguetes e bombas, muitas vezes visando infraestrutura civil e bairros. O shopping Retroville abrigava um cinema multiplex, uma academia de ginástica e restaurantes de fast food como McDonald’s e KFC, além de uma galeria inteira dedicada a artigos esportivos, entre outras lojas.
Odessa
Autoridades de Odessa acusaram as forças russas de realizarem um ataque a prédios residenciais nos arredores da cidade ucraniana na manhã desta segunda-feira, o primeiro desse tipo à cidade portuária do Mar Negro. O conselho da cidade disse que não houve vítimas, embora o ataque tenha causado um incêndio. “São prédios residenciais onde vivem pessoas pacíficas”, disse o prefeito Gennadiy Trukhanov.
Após quase um mês de combates, a guerra chegou a um impasse, com a Rússia recorrendo a métodos mais mortíferos e contundentes, inclusive visando civis. O presidente Volodmir Zelensky, dirigindo-se à nação durante a noite, disse que um comboio de socorro no nordeste da Ucrânia, perto da cidade de Kharkiv, foi sequestrado pelas forças russas. E os esforços para alcançar centenas de milhares de pessoas presas em Mariupol continuam cheios de perigo.
ONU
O escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta segunda-feira que já registrou 2.421 vítimas civis desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. Foram 925 mortos, incluindo 39 crianças, e 1.496 feridos até a meia-noite de domingo. “A maioria das vítimas civis registradas foi causada pelo uso de armas explosivas com uma ampla área de impacto, incluindo bombardeios de artilharia pesada e sistemas de foguetes de lançamento múltiplo, mísseis e ataques aéreos”, disse a organização em comunicado.
A vice-alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados, Kelly Tallman Clements, informou que cerca de dez milhões de pessoas deixaram suas casas na Ucrânia após a Rússia invadir o país e iniciar um conflito militar. O grupo inclui cerca de 6,5 milhões de indivíduos que migraram para outras regiões do próprio território ucraniano e outros 3,2 milhões que fugiram para outros países, segundo ela. Clements revelou que 13 milhões de pessoas estão em áreas em que não conseguem sair para regiões mais seguras.