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Após quatro anos, Bom Pastor volta a sepultar na terra

ALFREDO RISK/ARQUIVO

O Cemitério Municipal Bom Pastor, em Ribeirão Preto, deve começar, nos próximos dias, a realizar sepultamentos na terra. Ou seja, em valas, por causa da pandemia do novo coronavírus – imagens deste tipo de túmulo improvisado vão ficar para sempre na lem­brança dos brasileiros.

O Tribuna apurou que a medida será adotada porque os jazigos sociais do cemitério esta­riam lotados devido ao aumento de mortes neste ano. Enquanto não consegue liberar espaço, a solução da prefeitura de Ribeirão Preto será abrir as valas na terra.

Não haverá a identificação do túmulo e de quem está se­pultado no local. Ribeirão Preto não realizava este tipo de sepul­tamento desde 2016. Os cha­mados jazigos sociais do Bom Pastor são iguais aos particulares existentes no mesmo cemitério.

Tem capacidade para qua­tro gavetas, mas podem abrigar mais corpos, já que, depois de al­gum tempo, os restos mortais po­dem ser exumados e transferidos para o ossário do próprio Ce­mitério Bom Pastor, garantindo espaço para novos enterros.

Já no caso dos jazigos par­ticulares, quando os corpos precisam ser exumados – a pe­dido dos familiares para novo sepultamento –, são colocados em uma embalagem e perma­necem no mesmo túmulo. Os­sário é uma espécie de depósi­to coletivo onde, obviamente, são guardados os ossos.

Segundo a apuração do Tri­buna, no ano passado o Ce­mitério Bom Pastor realizou, em média, 200 sepultamentos por mês. Em 2020 houve um aumento de 40%, chegando à média mensal de 280 enterros.

Como a maioria dos paren­tes dos mortos não possuía jazigo e não tinha condições financeiras de compra um túmulo em cemi­tério particular, os corpos acaba­ram sendo enterrados pelo mu­nicípio, por isso a superlotação nos reservados às vagas sociais.

Criado pela lei número 6.860 de 1994, o serviço de sepultamento gratuito atende, atualmente, famílias em situ­ação de vulnerabilidade social e é realizado pela funerária Prever Campos Elíseos. Todo o processo de concessão é feito por assistentes sociais.

Para ter direito ao enterro, as famílias, quando do falecimento de um parente, devem procurar o posto do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da re­gião em que mora. A cidade conta com sete unidades. Procurada pelo Tribuna desde terça-feira (7) para se manifestar sobre o assunto, a prefeitura não respon­deu aos questionamentos.

Bom Pastor
Inaugurado em junho de 1974, o Cemitério Bom Pastor conta hoje com uma área total de 144.670 mil metros quadra­dos, cerca de 14 mil túmulos e aproximadamente 56 mil pes­soas sepultadas. Desde janeiro de 2018, a Secretaria Munici­pal da Infraestrutura é a res­ponsável pela administração do local. Antes, era subordinado a Companhia de Desenvolvi­mento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp).

Velório gratuito
Um projeto do vereador Adauto Honorato, o “Marmita” (Pros), propõe transporte gra­tuito aos familiares de falecidos, desde que essas pessoas estejam em situação de vulnerabilidade social. A proposta aguarda des­de 2019 para ser analisada na Câmara. Estabelece que o mu­nicípio disponibilize um ônibus para realizar o translado até o cemitério. Atualmente, o projeto está na Comissão de Constitui­ção, Justiça e Redação (CCJ) à espera de parecer.

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