O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse não ter certeza sobre sua candidatura à reeleição em 2022 e evitou se lançar para o pleito do ano que vem. “Não sei nem se vou ser candidato”, declarou em entrevista à Jovem Pan Itapetininga na manhã desta quarta-feira, 21 de julho, contra o movimento de formação eleitoral pelos seus possíveis adversários.
“Tem um candidato aí que se lançou, eu não me lancei ainda”, afirmou o presidente. Em críticas à imprensa e à veiculação constante de críticas ao seu governo, o presidente pontuou esse “outro candidato”, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “já falou e continua falando que vai fazer o controle social da mídia, interferir nos currículos das Academias Militares e promover os oficiais generais por um critério democrático”.
Bolsonaro ainda repudiou as falas de seu possível adversário no pleito de 2022, que criticou o bloqueio econômico dos Estados Unidos ao governo de Cuba. “Se Cuba ama tanto o socialismo, por que ele acusa o americano de fazer embargo, que é um país capitalista?”, perguntou o presidente. “Bem, é uma história muito longa por aí”, disse.
Pesquisas eleitorais recentes têm revelado o derretimento da popularidade de Bolsonaro em meio a denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a covid-19. O mais recente golpe sofrido pelo governo foi a divulgação de vídeo no qual o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello aparece em reunião com intermediários da compra de doses da vacina Astrazeneca.
O material contradiz o depoimento do antigo chefe da pasta, que disse não ter participado de tratativas pela aquisição dos imunizantes por questões éticas. O presidente também voltou a falar contra o atual sistema eleitoral e prometeu uma transmissão ao vivo, para a qual a imprensa também será convidada, para provar que houve fraudes nas eleições de 2014.
Derrotado naquele pleito, Aécio Neves (PSDB-MG), já descartou a hipótese de irregularidades na apuração dos votos. Segundo Bolsonaro, a transmissão ocorrerá no fim da semana que vem. “Não pode ser essa semana, porque o apresentador estava com covid-19, demos azar”, concluiu.
Neste mês, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, defensor do voto eletrônico, decidiu acatar um pedido da ala do Patriota contrária à filiação de Bolsonaro e afastou Adilson Barroso do comando do partido. A decisão é passível de recurso, mas já significa um revés para o presidente, que quer se filiar à sigla para lançar sua candidatura ao segundo mandato.
“Foram anuladas todas as atitudes dele (Adilson Barroso), que nós chamamos de irregulares. Estão voltando todos os delegados (afastados pelo presidente) e contrários a filiação de Bolsonaro), está afastando Adilson e Ovasco Resende assume a presidência”, afirmou Jorcelino Braga, secretário-geral do Patriota.
A mudança ocorre no momento em que o presidente Jair Bolsonaro negocia a filiação à legenda para lançar sua campanha à reeleição. Barroso é a favor da entrada de Bolsonaro no partido e Resende, contra. A articulação do presidente para se filiar ao Patriota e controlar diretórios estratégicos deflagrou uma guerra entre correligionários.
Resende diz que Bolsonaro está exigindo o comando dos diretórios do partido em São Paulo, Rio e Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do país. Desde que deixou o PSL, em novembro de 2019, o presidente procura uma sigla para abrigar sua candidatura a um novo mandato, em 2022. Tentou montar o Aliança pelo Brasil, mas a empreitada não deu certo.
Augusto Aras
O governo publicou no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 21 de julho, a mensagem do presidente Jair Bolsonaro ao Senado Federal indicando o nome de Augusto Aras para ser reconduzido ao cargo de procurador-geral da República, com mandato de dois anos.
Fundo eleitoral
Bolsonaro reafirmou que vetará o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões aprovado pelo Congresso Nacional na semana passada, no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) de 2022. O fundo de financiamento de campanha foi criado após a proibição do financiamento privado, em 2015, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob o argumento de que as grandes doações empresariais desequilibram a disputa eleitoral.