Em sua primeira visita de Estado à Argentina, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que há uma preocupação regional com o surgimento de “novas Venezuelas” e pediu que os argentinos “votem com responsabilidade, com muita razão e menos emoção” nas eleições presidenciais de outubro. O presidente Mauricio Macri, candidato à reeleição, enfrentará nas urnas uma chapa que terá como candidata a vice a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015).
“Acho que toda a América do Sul está preocupada em que não criemos novas Venezuelas na região,” disse Bolsonaro em declaração ao lado de Macri na Casa Rosada, depois da primeira reunião entre os dois. O presidente, que já advertiu inúmeras vezes contra a volta ao poder de Cristina, cuja chapa é favorita nas pesquisas, afirmou ainda:
“Todos têm que ter, assim como no Brasil grande parte teve, muita responsabilidade, muita razão e menos emoção para decidir o futuro deste país. Que Deus abençoe este povo nesta decisão, porque desta forma teremos paz e alegria,” disse.
Ao lado do brasileiro, Macri fez questão de ratificar o compromisso da Argentina com os direitos humanos, que citou duas vezes e disse que foi tema da reunião com Bolsonaro. Mais de 50 movimentos sociais organizaram protestos para o fim da tarde desta quinta-feira em repúdio à presença do brasileiro.
“Reiteramos nosso compromisso com os direitos humanos e a democracia, ratificando nosso compromisso e solidariedade para restaurar a democracia na Venezuela,” disse o argentino.
Caso encerrado
A segunda instância da Justiça Federal encerrou o processo no qual o presidente Jair Bolsonaro respondia por declarações ofensivas a negros e quilombolas. O caso teve origem em palestra dada pelo então deputado federal no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril de 2017. Na ocasião, Bolsonaro contou que visitara um quilombo e que “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”.
Bolsonaro chegou a ser condenado pela 26ª Vara Federal do Rio a pagar uma multa de R$ 50 mil reais nesse caso. Mas os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) reverteram a decisão em setembro do ano passado.
Após ter um primeiro recurso negado, o Ministério Público Federal da 2ª região desistiu de recorrer. O TRF-2 certificou o trânsito em julgado no dia 15 de maio. Com isso, Bolsonaro ficou definitivamente livre do caso.