O presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante conversa com apoiadores, que sua filiação ao Patriota está “quase certa”, e voltou a comparar as conversas sobre procura por uma sigla com um casamento. “Tem que planejar bem para não dar problema”, disse, nesta quinta-feira, 17 de junho.
Desde a saída do PSL, em novembro de 2019, Bolsonaro está sem uma sigla. Após não conseguir tirar do papel o Aliança pelo Brasil, o presidente busca partido para poder concorrer à reeleição, em 2022. O Patriota, com quem ele tem mantido conversas sobre uma possível filiação, já abriga seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (RJ).
O parlamentar entrou na legenda após deixar o Republicanos. A entrada da família Bolsonaro e de seus apoiadores no partido, no entanto, não é um consenso dentro do diretório nacional do Patriota. A convenção nacional do partido foi realizada na última segunda-feira (14), em Barrinha, cidade da Região Metropolitana a cerca de 40 quilômetros de Ribeirão Preto.
O partido é presidido pelo ex-deputado estadual Adilson Barroso, que até o ano passado era vereador barrinhense. Contrário à filiação do presidente, o vice-presidente do partido, Ovasco Resende, reclama das exigências de Bolsonaro para entrar na sigla.
Segundo Resende, o chefe do Executivo está exigindo o comando dos diretórios do Patriota em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do país. O presidente aproveitou a conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, para brincar com relação ao número da sigla, o 51.
“Já imaginou eu no Patriota com o número 51? acho que aquele cara vai votar em mim”, disse. Na conversa, no entanto, mesmo fazendo referências a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e respondendo a perguntas de apoiadores sobre o petista, Bolsonaro evitou falar o nome do adversário político, que lidera com folga todas as principais pesquisas de intenção de votos para presidente até agora.
A guerra entre os dois grupos do Diretório Nacional do Patriota ganhou mais um capítulo esta semana. Adilson Barroso é acusado pelos adversários de novamente cometer uma série de irregularidades durante a convenção da legenda, a segunda em menos de 15 dias.
Em nota, o grupo liderado pelo vice-presidente da legenda, Ovasco Resende, e pelo secretário-geral Jorcelino Braga – presidente da sigla em Goiás – estuda quais serão os caminhos jurídicos adotados contra medidas deliberadas na convenção nacional realizada na segunda-feira.
“No desespero o presidente nacional do Patriota Adilson Barroso promove um verdadeiro festival de fraudes na convenção de hoje (14/06/2021). De novo, não houve debate democrático. De novo, não houve transparência, principalmente em relação ao estatuto”, diz.
“De novo, promove uma votação sem ter quórum qualificado, que é determinação expressa no estatuto do partido, pois a maioria dos votos que conseguiu, mais uma vez foi feito de forma irregular”, destaca a nota do grupo que faz oposição a Barrinha.