Tribuna Ribeirão
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Bolsonaro ainda contesta dados de desmatamento

MARCOS CORRÊA/PR

O presidente Jair Bolsonaro admite que houve aumento no desmatamento da Amazônia, mas alega que não da forma como “estão dizendo”. Ele de­fende que o crescimento é me­nor do que os 88% identificados por meio de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), pois é preciso levar em conta falhas no sistema de mo­nitoramento, áreas sobrepostas, ou seja, que já haviam sido iden­tificadas anteriormente, e a re­cuperação vegetal ocorrida após ocorrências de desmatamento.

Questionado se está preocu­pado com o aumento das áreas desflorestadas, Bolsonaro disse que quer “cumprir a lei” e que não tem nada contra o “desmatamen­to legal”. “O desmatamento sendo legal ninguém tem nada contra. As propriedades na região ama­zônica, por exemplo, 20% para ser desmatado. Isso faz parte. Eu quero é cumprir a lei”, disse. “Não tenho ojeriza nem fobia ao meio ambiente, eu quero cumprir a lei. Se estiver errada a lei, a gente busca alterar no parlamento. Na minha opinião (o desmatamento) está aumentando, mas não desta forma como estão dizendo.”

Em conversa com jornalis­tas, ao lado de Bolsonaro, o mi­nistro do Meio Ambiente, Ricar­do Salles, afirmou que o governo não nega o aumento no desma­tamento como um todo. “Nosso objetivo não foi em nenhum momento esconder informação ou negar uma realidade, reali­dade essa do desmatamento na Amazônia que vem aumentan­do desde 2012 por diversas ra­zões”, afirmou Ricardo Salles.

Entre as razões, o ministro citou “pressão ilegal sobre a flo­resta”. “Nós precisamos, a partir dessa discussão da real análise dos números tratar de manei­ra franca, aberta e direta quais as razões pra o desmatamento ilegal e de que forma dar alter­nativas de dinamismo econô­mico para aqueles que vivem na região.”

Salles também declarou que a questão do desmatamento é “apolítica” e que não é o objeti­vo do atual governo “alocar” os números em outra gestão. “Essa questão do desmatamento é apolítica. Não se trata de alocar números em um governo, nes­te ou em outro. Simplesmente dizer que não aconteceu em ju­nho de 2019 e que o salto de 88% está equivocado. Isso deveria ser computado e a fragilidade do sistema não permitiu”, declarou.

Bolsonaro levantou dúvidas sobre a atuação do diretor do Inpe, Ricardo Galvão, e disse que “pode tomar uma decisão mais drástica” por causa da divulga­ção supostamente equivocada de dados sobre o desmatamento no País. Galvão tem mandato até 2020. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institu­cional (GSI), Augusto Heleno, disse que dados sobre aumento do desmatamento no País “pre­judicam muito a imagem do Brasil” lá fora.

“Se fossem dados corretos, era preocupante, seria conve­niente se não alardeássemos isso, cuidássemos internamen­te. Sendo dados falsos, é muito preocupante porque nos colo­ca como grande destruidor do meio ambiente. É uma imagem que fica muito difícil de res­gatar”, afirmou Heleno. Salles anunciou que o governo vai adotar um novo modelo de mo­nitoramento do desmatamento no País, com imagens de satélite em alta resolução feitas em tem­po real e sem o que identificou como “lapso temporal” no atual modelo. O ministro afirmou que o serviço alertou em junho ocorrências de desmatamento que, na verdade, teriam acon­tecido em período anteriores, e não naquele mês.

Além disso, Salles prometeu equipar o corpo técnico do Inpe com servidores permanentes. Atualmente, citou, bolsistas do CNPQ é que fazem o monito­ramento. Os dados de alertas disponíveis no site do Inpe in­dicam que a perda da vegeta­ção este ano pode ter sido bem maior que no ano anterior. O agregado de alertas feitos pelo Deter, sistema de detecção em tempo real, aponta alta de 40% ante o mesmo período do ano anterior. Os satélites observaram uma perda até esta quarta-feira de 5.879 quilômetros quadrados da floresta, ante 4.197 km² entre 2017 e 2018.

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