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Bolsonaristas vão pedir impeachment de Barroso

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Ro­berto Barroso afirmou que “nós derrotamos o bolsonarismo” em um discurso no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), na noite de quarta-feira, 12 de julho, em Brasília. Com a repercussão da declaração, parlamentares aliados do ex­-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que vão entrar com pedido de impeachment contra o magistrado.

As falas de Barroso foram uma reação a um grupo de es­tudantes que protestava contra a presença do ministro, chama­do de “inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016”, em referência aos votos do ma­gistrado sobre o piso salarial da categoria e o rito do impeach­ment da presidente Dilma Rou­sseff (PT). Barroso foi vaiado.

“Nós estamos criando um futuro novo e enfrentando a desigualdade racial de modo que eu saio daqui com a ener­gia renovada pela concordân­cia e pela discordância, porque essa é a democracia que nós conquistamos. Nós derrota­mos a censura, nós derrota­mos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, disse o ministro Barroso.

Durante discurso, o minis­tro também citou a luta contra a ditatura militar e a defesa da democracia. “Estar aqui é reen­contrar o meu próprio passado de enfrentamento do autorita­rismo, da intolerância e de gen­te que grita em vez de ouvir, de gente que xinga em vez de botar argumentos na mesa. Isso é o bolsonarismo! Quem tem argu­mentos, quem tem razão, quem tem a história do seu lado coloca argumentos na mesa. Não xin­ga, não grita. Esse é o passado recente no qual nós estamos tentando nos livrar.”

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a oposição entrará com pedido de impeachment sob a justificativa de o magistrado “exercer ativi­dade político-partidária”. A de­putada Bia Kicis (PL-DF) clas­sificou a declaração de Barroso como uma “atuação contra uma força política”. “Gravíssimo! Nós, da oposição, entraremos com pedido de impeachment.”

O líder da oposição na Câ­mara dos Deputados, Carlos Jordy (PL-RJ), também defen­deu o pedido de abertura de impeachment do ministro. “Isso é normal? Escrachou de vez? Imagine um ministro do STF dizendo numa palestra que eles ‘derrotaram o lulo-petismo’.” Após a repercussão, o Supremo Tribunal Federal informou que a frase dita por Barroso “‘nós derrotamos a ditadura e o bol­sonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qual­quer instituição”.

“O ministro do STF Luís Roberto Barroso, o ministro da Justiça, Flavio Dino, e o de­putado Federal Orlando Silva estiveram juntos, no Congresso da UNE, para uma breve in­tervenção sobre autoritarismo e discursos de ódio. Todos eles participaram do Movimento Estudantil na sua juventude. Apesar do divulgado, os três fo­ram muito aplaudidos”, cita.

“As vaias – que fazem par­te da democracia – vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE. Como se extrai clara­mente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bol­sonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qual­quer instituição”, diz a nota.

O ministro já rebateu, em outra oportunidade, manifes­tação contrária a ele. Em no­vembro do ano passado, após as eleições presidenciais, Barroso foi hostilizado em Nova York, nos Estados Unidos, por mani­festante que protestava contra a derrota de Bolsonaro nas urnas e pregava intervenção militar. Ir­ritado, Barroso respondeu: “Per­deu, mané. Não amola”.

UNE repudia vaias ao ministro
Em nota, a presidente da UNE, Bruna Brelaz, repudiou a “atitude antidemocrática de grupos minoritários” que des­respeitou tanto as falas de fami­liares de Honestino Guimarães quanto do ministro Barroso. O Senado é a Casa responsável por dar início no processo de impedimento de ministros do STF. Em tese, o pedido pode ser iniciado a partir da denúncia de qualquer cidadão comum.

Um ministro do STF pode sofrer um processo de afas­tamento por cinco tipos dife­rentes de crimes de respon­sabilidade. Exercer atividade político-partidária é um deles. Para isso, porém, é preciso que eles estejam juridicamente bem fundamentados. Caso contrá­rio, o destino deles costuma ser a gaveta, e o pedido fica parado. Em outubro, Barrosos asumirá a presidência do Conselho Na­cional de Justiça (CNJ), respon­sável por julgar a conduta de juízes de todo o país.

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