Tribuna Ribeirão
Economia

Bolsa a caminhoneiros vai custar R$ 4 bi

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Tudo pela reeleição em 2022. Além de acertar um acordo para modificar a regra do teto de gas­tos (que condiciona a variação das despesas à inflação), o pre­sidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um benefício para caminhoneiros – sem informar a fonte dos recursos. “Núme­ros serão apresentados nos próximos dias, vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminho­neiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel”, afirmou o presidente, em even­to em Sertânia (PE).

A ajuda deve ser de R$ 400 a ser paga de dezembro de 2021 a dezembro de 2022. Embora Bolsonaro tenha ci­tado o potencial de 750 mil beneficiários, o público final ainda vai depender do número de caminhoneiros autônomos ativos no cadastro da Agência Nacional de Transportes Ter­restres (ANTT). Esse número varia entre 700 mil e 850 mil.

O custo estimado pelo go­verno com o programa é de cerca de R$ 4 bilhões. O valor final ainda vai depender de ne­gociações com o Congresso Na­cional e da disponibilidade no Orçamento. A avaliação dentro do governo é de que o “auxílio diesel” é melhor do que uma al­teração na política de preços da Petrobras, o que representaria, segundo uma fonte, “interven­ção” na estatal.

A ajuda não terá relação com o Auxílio Brasil, que tam­bém deve pagar R$ 400 até de­zembro de 2022. Na área eco­nômica, técnicos foram pegos de surpresa com o anúncio. A defesa do auxílio diesel inclui o argumento de que os caminho­neiros são um elo importante da cadeia produtiva, e um peso excessivo dos combustíveis no bolso deles poderia gerar risco de desabastecimento.

No início da semana, a Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas notificou o governo e o Legislativo sobre suas rei­vindicações e o aviso de parali­sação a partir de 1º de novem­bro. O presidente da Frente, deputado federal Nereu Cris­pim (PSL-RS), disse ainda não ter sido informado oficialmen­te sobre o auxílio.

Crispim disse que, mesmo desconhecendo a medida, en­tende que os caminhoneiros não querem nenhum tipo de “auxílio esmola” e ressaltou: “Eles que­rem resolver a pauta que é ampla e passa pela política de preços para combustíveis da Petrobras”.

O auxílio não agradou à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). “O ca­minhoneiro não quer esmola, quer dignidade. Para as petro­leiras (dão) um trilhão, para o caminhoneiro humilhação”, disse o diretor da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer.

O presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodovi­ário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, também criticou a medida. “Nossa pauta é outra: é a sobre­vivência da categoria, como es­tamos pedindo. O governo não poderá nos ajudar para sempre”, afirmou Dias. Na avaliação de Litti Dahmer, a proposta do go­verno é “ridícula”.

Bolsonaro sancionou lei que aumenta de 10% para 12,5% a tolerância para o excesso de peso por eixo de ônibus de passageiros e de caminhões de carga sem aplicação de penali­dades. O texto é resultado da aprovação, pelo Congresso, de projeto de conversão de medi­da provisória editada pelo Po­der Executivo.

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