A prefeitura de Ribeirão Preto informa que a interdição total da pista Centro/Bairro da avenida Doutor Francisco Junqueira – entre as ruas Comandante Marcondes Salgado e São José – deve durar mais 15 dias. O local foi bloqueado no dia 25 de julho e deveria, inicialmente, ter terminado no final de setembro.
O segundo prazo, divulgado no dia 10 de outubro, pelo secretário adjunto de Obras, Luiz Eugênio Scarpino, em reunião na Câmara de Vereadores, também não foi cumprido. Na ocasião, ele afirmou aos vereadores que, pelo menos, uma faixa da avenida seria liberada até o final de outubro. O que acabou não acontecendo.
O atraso, segundo a Secretaria de Obras, foi necessário para desenvolver um projeto em conjunto com a Secretaria de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Saerp) para o desvio de uma adutora de água existente no local. Naquele trecho estão sendo construídas as galerias de água, que fazem parte do projeto de revitalização da avenida Nove de Julho.
São necessárias para evitar que a água das chuvas oriunda daquela região, cause alagamento em ruas do centro da cidade. A rede de galerias terá 1,3 quilômetros de extensão, com tubos de concreto de 1,5 m por 1,5 m de diâmetro.
Serão construídas em 14 quarteirões das ruas São José e Marcondes Salgado e interligarão a avenida Nove de Julho até o córrego Retiro Saudoso, na avenida Francisco Junqueira. A obra está sendo realizada pela Construtora Metropolitana S/A, que venceu a licitação da Nove de Julho por R$ 31.132.101,77. O prazo para conclusão é de doze meses, em junho de 2024.
As obras de revitalização, restauro e de construção de corredor de ônibus e galerias foram divididas em três frentes: uma na Nove de julho, uma na rua São José e outra na Marcondes Salgado. De acordo com a secretaria de Obras quando as galerias estiverem prontas, toda água pluvial daquela região da cidade será canalizada para o córrego Retiro Saudoso.
As obras na centenária avenida Nove de Julho não devem ser entregues no prazo inicial, em junho do próximo ano. Em 26 de outubro, a Construtora Metropolitana afirmou que a descoberta de galerias pluviais – dutos subterrâneos para captação e escoamento de água – não mapeadas anteriormente forçou uma nova análise do projeto original.
No texto enviado ao Tribuna, a construtora afirma também que as obras não estão paralisadas. “Porém, em razão da presença de galerias pluviais recém–descobertas, não mapeadas inicialmente na licitação, o projeto original está sendo reanalisado para adotar a melhor solução junto à prefeitura de Ribeirão Preto”, diz a nota.
A primeira etapa estava programada para ser finalizada no dia 22 de setembro, mas atrasou. O prazo, então, passou para 6 de novembro (45 dias), segunda-feira mas não deve ser cumprido por causa da nova descoberta. O temor de comerciantes é que as obras avancem até o final do ano, impactando também a Black Friday e o Natal.
A prefeitura de Ribeirão Preto ressalta que o atraso no primeiro trecho não vai comprometer o cronograma. Além de uma restauração completa, respeitando todos os critérios de tombamento dos itens que constituem patrimônio histórico, a Nove de Julho vai ganhar corredores exclusivos para ônibus nos dois sentidos, em toda a sua extensão.
A avenida Nove de Julho – incluindo seus paralelepípedos, as pedras portuguesas do canteiro central e as sibipirunas plantadas em 1949 – é tombada desde 2008 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac), sendo a extensão do trecho preservado com início na rua Amador Bueno, seguindo até o cruzamento com a avenida Independência.
Desde o início das obra na Nove de Julho, que cruza vários bairros em Ribeirão Preto – Jardim Sumaré, Higienópolis, Jardim América… –, em 20 de junho, a Construtora Metropolitana já foi notificada cinco vezes pela prefeitura de Ribeirão Preto.
As notificações foram confirmadas pela Secretaria Municipal de Obras Públicas. O principal motivo é o atraso no cronograma, mas também envolve segurança no canteiro de obras. No dia 16 de agosto, dois operários foram soterrados enquanto trabalhavam na instalação da rede esgoto, na esquina da avenida Nove de Julho com a rua São José.
Um dos operários, Pedro Joaquim de Oliveira, de 59 anos, morreu. A Polícia Civil investiga o acidente. A mais recente notificação foi feita há cerca de dez dias, quando foi constatado que apenas doze dos 25 operários exigidos no contrato estavam trabalhando. A Câmara ameaça criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os motivos do atraso
As notificações ainda não resultaram em multas. Procurada para falar sobre o possível atraso na conclusão do restauro da avenida, a secretaria enviou nota afirmando que está sendo feito um grande esforço para manter o prazo final de conclusão dos serviços.