Com o avanço da variante Ômicron e o aumento de atendimentos de pacientes com sintomas respiratórios, a prefeitura de São Paulo acatou recomendação da Vigilância Sanitária e cancelou o carnaval de rua de 2022. A decisão foi discutida em reunião nesta quinta-feira, 6 de janeiro, com parte do secretariado a partir de um levantamento epidemiológico da covid-19 elaborado pelos técnicos da Saúde.
Eles também recomendaram a criação de protocolos mais rígidos para o desfile das escolas de samba e a exigência de passaporte da vacina para festas de qualquer porte. “Em função do risco, nós sugerimos que se cancele as atividades de carnaval de rua”, diz o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido.
“A circulação de uma grande quantidade de pessoas pode agravar esse quadro que temos na cidade.” O secretário destaca que outra sugestão é convocar a Liga das Escolas de Samba para a elaboração de protocolos para os desfiles do sambódromo. Além disso, informa que a recomendação é exigir comprovante de vacinação em “qualquer evento”, não mais apenas nos com público superior a 500 pessoas.
Na quarta-feira (5), três organizações ligadas a blocos de rua publicaram um manifesto pelo cancelamento total da festa diante da situação sanitária, com aumento dos atendimentos de pacientes com sintomas respiratórios em meio ao apagão de dados do Ministério da Saúde.
A carta é assinada pelo Fórum Aberto dos Blocos de Carnaval de São Paulo, que representa 195 agremiações, a Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo, integrada por aproximadamente 60 blocos, e a União dos Blocos de Carnaval do Estado de São Paulo (Ubcresp).
A possibilidade de realização de celebrações com público restrito, mediante apresentação de passaporte da vacina, em locais fechados, como Interlagos, também foi rechaçada pelos grupos, assim como em clubes e espaços privados.
Ribeirão Preto
Ao menos onze capitais cancelaram o carnaval de rua, como Rio, Salvador, Recife e Florianópolis. A situação também se repete no interior de São Paulo, incluindo a tradicional folia de São Luiz do Paraitinga. Em Ribeirão Preto, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) anunciou, em 3 de dezembro, a suspensão do carnaval e da Folia de Reis de 2022, eventos que atraem milhares de pessoas para Ribeirão Preto.
Nove manifestações culturais carnavalescas (escolas de samba, blocos, afoxés, maracatus, grupos artísticos e culturais dentre outros) se inscreveram para realização de festas em áreas públicas do município e tiveram de cancelar os eventos.
O prefeito ainda complementa que a suspensão das festas de rua como a Folia de Reis será necessária para evitar a concentração de visitantes de vários lugares na cidade. Em 2019, a 28ª edição levou dez mil pessoas à praça José Rossi, na Vila Virgínia, mas costuma atrair 20 mil devotos a cada ano (são quase três décadas de evento).
Segundo a prefeitura, estão proibidos os desfiles de blocos, afoxés, escolas de samba e afins em locais públicos de Ribeirão Preto. Os eventos carnavalescos realizados em locais fechados, como em estádios de futebol, terão de obedecer todas as regras sanitárias em vigor e as eventuais que serão baixadas em janeiro.
Estádios
Em Ribeirão Preto, o uso obrigatório de máscara está mantido até 31 de janeiro, mesmo ao ar livre. Dois grandes eventos carnavalescos já estão sendo anunciados na cidade, inclusive com venda de ingressos. O Bloco Califórnia vai desfilar no Estádio Doutor Francisco de Palma Travassos, o campo do Comercial Futebol Clube, em 19 de fevereiro, em evento pré-carnavalesco.
Já o Arena Folia, marcado para 16 de janeiro, foi transferido para 12 de março. Trará para Ribeirão Preto grandes nomes como Bell Marques, Durval Lelys, João Bosco & Vinícius, Zé Vaqueiro, Make U Sweat e Tarcísio do Acordeon. Será na Arena Eurobike, o Estádio Santa Cruz, campo do Botafogo Futebol Clube. O desfile de escolas de samba deixou de ser patrocinado pela prefeitura já há alguns anos.
Testagem
Segundo o decreto número 239/2021, para acesso a festas com mais de mil pessoas é obrigatória a apresentação, na entrada, de comprovante de ciclo vacinal completo contra a covid-19 – com a primeira e a segunda dose –, ou teste negativo do tipo PCR (realizado até 48 horas antes) ou ainda do tipo antígeno (24 horas antes).
Neste caso os organizadores ainda precisam de autorização prévia da prefeitura, válida a partir de eventos com mais de 700 pessoas. Apesar da flexibilização, o uso de máscara e de álcool gel seguem obrigatórios, além da recomendação para manutenção do distanciamento social de um metro. Até o momento, pelo menos 30 cidades da região já decidiram cancelar o carnaval.