O presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, consolidou sua vitória eleitoral conquistando o estado crucial do Arizona na noite de quinta-feira, 12 de novembro, mas a transição de seu governo continua em um limbo político porque Donald Trump se recusa a aceitar a derrota.
Projeções mostraram Biden vencendo no Arizona, depois de mais de uma semana de contagem de votos, disse a consultoria Edison Research. Ele se tornou somente o segundo candidato presidencial democrata em sete décadas a vencer no estado tradicionalmente republicano.
O triunfo de Biden no Arizona dá ao democrata 290 votos no Colégio Eleitoral, que determina o vencedor – mais do que os 270 necessários. Biden também está vencendo a votação popular por mais de 5,3 milhões de votos, ou 3,4 pontos percentuais.
Faltando poucos estados que ainda contam votos, a matemática eleitoral é desalentadora para Trump, que alega sem provas que a eleição foi maculada por fraude generalizada. Para anular a vantagem de Biden, o republicano Trump teria que superar sua dianteira em ao menos três dos estados-chave.
A equipe de Trump iniciou ações civis que contestam a contagem de votos em vários estados, mas algumas já foram descartadas pelos juízes. Especialistas legais disseram que o litígio tem pouca chance de alterar o desfecho, e autoridades eleitorais estaduais disseram não ter visto indícios de irregularidades graves ou fraudes.
A recusa de Donald Trump de aceitar o resultado da eleição de 3 de novembro travou o processo de transição para um novo governo. A agência federal que normalmente liberaria fundos para um presidente eleito, a Administração de Serviços Gerais, ainda não reconheceu Joe Biden como o vencedor.
Seu escolhido como chefe de gabinete, Ron Klain, disse ao canal MSNBC, na quinta-feira, que receber os fundos de transição é importante, já que o governo dos EUA lançará uma campanha de vacinação contra o novo coronavírus no início do ano que vem.
“Quanto mais cedo conseguirmos colocar nossos especialistas em reuniões com o pessoal que está planejando a campanha de vacinação, mais suave pode ser a transição de uma presidência Trump para uma presidência Biden”, explicou Klain.
O presidente eleito deve se encontrar novamente com os conselheiros de transição nesta sexta-feira, enquanto elabora sua abordagem para a pandemia e se prepara para revelar os principais indicados, incluindo membros do gabinete.
A maioria dos republicanos apoiou publicamente o direito de Trump de recorrer aos tribunais e se recusou a reconhecer Biden como vencedor. Figuras do partido, no entanto disseram que o democrata deveria ser tratado como presidente eleito e vários senadores afirmaram que Biden deveria receber informes de inteligência.
Se o reconhecimento interno ainda não ocorreu, o externo está bem adiantado. Nesta sexta-feira (13), foi a vez de Xi Jingping, da China, parabenizar Joe Biden pela eleição. Velhos aliados dos EUA, como o governo alemão, da chanceler Angela Merkel, e francês, do presidente Emmanuel Macron, enviaram felicitações.
O premiê canadense, Justin Trudeau, também. Até líderes que tinham afinidade com Trump cumprimentaram o presidente eleito, como os premiês britânico, Boris Johnson, e israelense, Binyamin Netanyahu. Chama atenção também quem não se manifestou: Vladimir Putin, da Rússia, Andrés Manuel López Obrador, do México, e Jair Bolsonaro, do Brasil – oficialmente, todos dizem que estão aguardando o resultado da disputa judicial nos Estados Unidos.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta sexta-feira que, apesar de não responder pelo governo, julga a vitória do presidente eleito Joe Biden nos Estados Unidos como “sendo cada vez mais irreversível”. O governo brasileiro é um dos poucos que ainda não se pronunciou sobre o resultado das eleições norte-americanas, que indicam a vitória de Biden.